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A nova minissérie "Dia Zero", em exibição a partir desta quinta-feira na Netflix, marca a estreia do ator oscarizado Robert De Niro em televisão, num thriller em que interpreta um ex-presidente norte-americano chamado a descobrir os autores de um ciberataque devastador.
"O argumento era tão bom, nem sequer foi precisa preparação prévia", disse o ator, numa conferência de imprensa de lançamento da série em que a Lusa participou. "Os diálogos eram excelentes. Podiam ter sido pirosos, pretensiosos ou tendenciosos, mas nesse caso eu não estaria aqui."
O projeto foi filmado ao longo de sete meses em Nova Iorque, com Robert De Niro a ser fundamental para essa localização. "Já há algum tempo que tinha falado com o meu agente sobre fazer qualquer coisa em Nova Iorque", revelou o ator, que também é produtor executivo da minissérie de seis episódios.
O elenco inclui Angela Bassett, Matthew Modine, Jesse Plemons, Lizzy Caplan, Connie Britton e Joan Allen.
Criada por Eric Newman ("Griselda", "Narcos: México"), Noah Oppenheim (ex-presidente da NBC News) e Michael Schmidt (jornalista), a minissérie parte de um ciberataque maciço que desliga tudo nos Estados Unidos durante um minuto e provoca o caos e milhares de mortos.
Robert De Niro interpreta o ex-presidente George Mullen, chamado pela atual presidente Evelyn Mitchell (Angela Bassett) a presidir a uma comissão à qual são dados poderes inéditos de investigação. A realizadora Lesli Linka Glatter ("West Wing", "Homeland") descreveu a série como "um thriller de conspiração paranóica".
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"A ideia partiu de conversas sobre a nossa relação com a verdade", revelou Eric Newman, na conferência. "É algo global: entrámos numa era de pós-verdade em que as verdades podem ser mutualmente exclusivas".
Um dos antagonistas de Mullen é o autor de um podcast, Evan Green (Dan Stevens) que joga com suspeitas e atira acusações sem prova de forma a rentabilizar o ultraje da audiência.
"Green representa a franja que opera em torno de uma história como esta", disse o ator. "Ele é irritante, uma figura divisiva, que prospera com a divisão e a torna a sua moeda".
Mas o argumento não toma posição e nenhum dos intervenientes sai particularmente bem, com um leque variado de decisões duvidosas, salvo a mulher do ex-presidente Sheila Mullen, que mantém a integridade.
"O que esperamos que as pessoas levem disto é que, embora os mecanismos pelos quais determinamos a verdade possam estar quebrados, talvez de forma irreparável, ainda é possível fazer a coisa certa", frisou Newman. "Ainda que seja uma visão desconcertante da humanidade, no final há um certo otimismo e esperança".
O cocriador Noah Oppenheim disse que a equipa começou a trabalhar nesta história há vários anos e que é incrível ver como aquilo que tem acontecido no mundo real espelha o caos que a série retrata.
"Se pensarmos nas ameaças que enfrentamos, seja ciberataques, alterações climáticas ou guerra nuclear, a maior de todas é a incapacidade de concordarmos com um conjunto partilhado de factos", considerou.
Angela Bassett, que interpreta a presidente Mitchell, salientou a importância de "ver esta representação de uma mulher" como a atriz "num lugar de poder na Sala Oval", algo que a entusiasmou a fazer a série, além de ser a segunda vez a trabalhar com De Niro.
Também Connie Britton, que dá corpo a Valerie Whitesell, achou interessante a humanização de situações altamente políticas, que muitas vezes fazem esquecer que, por trás de posições de poder estão seres humanos com relações e personalidades complexas.
"Isto mostra-nos como as nossas escolhas podem ter um impacto em toda a gente", indicou, ao mesmo tempo que os personagens tentam manter o decoro e respeitar os altos cargos.
"Esses atos de equilíbrio são o que fazemos na vida real, mesmo que não estejamos metidos em espionagem de alto risco ou ciberataques", continuou. "Estamos todos a tentar encontrar um equilíbrio entre as nossas responsabilidades e as relações íntimas".
"Dia Zero" chega à Netfilx esta quinta-feira, dia 20 de fevereiro.
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