Sophia Nahli Allison, que esteve nomeada com "A Love Song for Latasha" (2019) ao Óscar de Melhor Documentário (Curta-Metragem), revelou nas redes sociais que deixou o cargo de realizadora no documentário sobre Lizzo depois de apenas duas semanas de trabalho.
"Fui tratada com tanto desrespeito", confessou a realizadora que colaborou em "Love, Lizzo", do Disney+. A norte-americana decidiu fazer a revelação poucas horas depois de três bailarinas terem acusado a artista de assédio sexual, moral e racial e de criar um ambiente de trabalho hostil.
Na publicação na sua conta no Instagram, a cineasta começa por frisar que "normalmente não comenta nada relacionado com a cultura pop". "Mas, em 2019, viajei um pouco com a Lizzo para ser a realizadora do seu documentário. Afastei-me cerca de duas semanas depos. Fui tratada com tanto desrespeito por ela. Testemunhei como ela é arrogante e cruel", conta, acrescentando que esteve envolvida numa "situação m****" e com poucos apoios.
Nas redes sociais, Sophia Nahli Allison frisou que Lizzo é uma "bully narcisista" e que construiu uma "marca de mentiras". "Este tipo de abuso de poder poder acontecer com muita frequência. Muito amor e apoio às bailarinas", acrescentou.
Esta terça-feira, a cantora norte-americana foi acusada de assédio sexual e moral por três das suas antigas dançarinas.
Segundo a NBC News, Arianna Davis, Crystal Williams e Noelle Rodriguez acusam a artista norte-americana de assédio sexual, moral, racial e religioso e de criar um ambiente de trabalho hostil. De acordo com o processo aberto esta terça-feira, dia 1 de agosto, os incidentes aconteceram entre 2021 e 2023.
As antigas bailarinas alegam que Lizzo as forçou a tocar numa pessoa nua durante uma festa, acusando ainda a cantora de fazer falsas acusações. Arianna Davis, Crystal Williams e Noelle Rodriguez dizem também que a artista, conhecida por defender o amor próprio e a positividade do corpo, despediu um membro da equipa por ter engordado.
No depoimento, as bailarinas detalham que foram forçadas a tocar em dançarinos nus durante uma festa num popular bar em Amesterdão, nos Países Baixos. "Enquanto estava no bar Bananenbar, as coisas rapidamente perderam o controlo. Lizzo começou a convidar os membros da banda para se revezar e tocar nos artistas nus", pode ler-se no processo.
A denúncia continua: "As partes queixosas ficaram horrorizadas com a pouca consideração que Lizzo demonstrou ter pela autonomia corporal dos seus funcionários e daqueles à sua volta, especialmente por estar na presença de muitas pessoas que empregava".
De acordo com a queixa, Lizzo terá comentado o aumento de peso de uma das bailarinas. "Na dança profissional, um bailarino ganhar peso é frequentemente visto como sinónimo de que aquele dançarino é preguiçoso ou desleixado. As perguntas de Lizzo e da [coreógrafa] Tanisha Scott sobre o compromisso de Arianna Davis com a digressão eram preocupações sobre o aumento de peso. Embora Lizzo e Scott nunca tenham dito isso explicitamente, as perguntas acompanhadas pelas declarações de Lizzo feitas após o festival de música South by Southwest deram a Arianna Davis a impressão de que precisava explicar o seu aumento de peso e revelar detalhes pessoais e íntimos sobre sua vida para poder para manter o seu emprego", destaca o processo.
A denúncia adianta ainda que Lizzo despediu Arianna Davis depois de uma reunião de avaliação ao trabalho da equipa. Já Crystal Williams diz que foi dispensava por alegados cortes no orçamento, atitude que foi vista como uma tentativa de intimidação, o que levou Noelle Rodriguez a renunciar às suas funções.
De acordo com o The Guardian, a coreógrafa da cantora, Shirlene Quigley, também está a ser acusada por ter simulado actos sexuais à frente de toda a equipa, além partilhar fantasias sexuais e ridicularizar a sexualidade de outros.
"A forma como a Lizzo e respectiva equipa trataram as artistas parece ir contra tudo o que a Lizzo defende publicamente, enquanto, em privado, critica o corpo das suas bailarinas e as envergonha de forma não só ilegal como absolutamente humilhante", frisou Ron Zambrano, advogado que representa as dançarinas.
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