A DGPC respondia assim, por escrito, quando questionada pela Lusa, sobre os argumentos de um autarca de Lisboa, segundo o qual a decisão de transferência do acervo do Museu para Mafra colocava “em risco o estado de conservação dos instrumentos, há muito habituados à climatização [nas instalações no] Alto dos Moinhos”.

“O Museu da Música irá ser instalado na ala sul do Palácio Nacional de Mafra e todos os estudos serão feitos, nomeadamente o de climatização, contrariando o registo de altos índices de humidade que poderiam prejudicar o estado de conservação dos instrumentos”, afirma o texto da DGPC enviado à Lusa.

O diretor-geral do Património Cultural, Nuno Vassallo e Silva, no fim-de-semana passado, em entrevista à Lusa, tinha já garantido que, “sem climatização", não se pode "pôr lá peça nenhuma”, adiantando que “os projetos de especialidade", para a instalação do museu, em Mafra, "arrancam para o ano, em concurso internacional”.

Segundo a resposta hoje enviada à Lusa, “a estimativa de investimento do projeto de adaptação do Museu da Música, no Palácio de Mafra, é cerca de seis milhões e 500 mil euros”.

Quanto à doação da família de Michel’angelo Lambertini, que constitui parte do espólio do Museu da Música, a DGPC esclarece que “a coleção instrumental reunida por Michel’angelo Lambertini foi adquirida por António Carvalho Monteiro, no final da segunda década do século XX, tendo em vista a criação do Museu Instrumental de Lisboa (MIL)”.

“Com a morte de Lambertini e de Carvalho Monteiro, em 1920, o projeto do MIL ficaria sem efeito, pelo que a coleção pertencente a Carvalho Monteiro seria, em 1931, adquirida pelo Estado e incorporada no Museu Instrumental do Conservatório (antepassado direto do Museu da Música)”, acrescenta.

A DGPC esclarece ainda, em relação à disponibilidade do Metropolitano de Lisboa para continuar a ceder o espaço na estação do Alto dos Moinhos, que "o protocolo referente à instalação provisória do Museu da Música” nesse local, "terminou como previsto (20 anos) em dezembro de 2013, tendo sido assinado posteriormente, pela DGPC, um aditamento que prevê a possibilidade de o Museu permanecer na estação do Alto dos Moinhos até 31 de Dezembro 2018”.

Nuno Brito, do CDS-PP, membro da assembleia de freguesia de S. Domingos de Benfica, em Lisboa, apresenta na quinta-feira uma moção que visa “responsabilizar o secretário de Estado da Cultura por má decisão politica”, na mudança do Museu da Música para Mafra.

Em declarações à Lusa, Nuno Brito afirmou que a decisão governamental, de transferir o Museu da Música, situado nesta freguesia lisboeta, para o Palácio Nacional de Mafra, “foi com base em nada”.

O autarca adiantou um conjunto de razões contra a transferência, nomeadamente, o facto de “pôr em risco o estado de conservação dos instrumentos, há muito habituados à climatização no Alto dos Moinhos”, os elevados custos da operação, “desde o transporte à instalação, na ordem dos muitos milhões de euros”, e os pareceres internacionais que desaconselham mudanças de climatização.

Para o autarca, a todas estas razões junta-se ainda “o facto de grande parte do espólio do Museu ter sido uma doação da família de Michel'angelo Lambertini (1862-1920) à cidade de Lisboa, especificamente”.

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