
A peça, de quatro minutos, em estreia absoluta, "trata de celebrar a alegria de uma orquestra sinfónica e comemorar 20 anos", disse à Lusa Luís Tinoco.
Uma celebração que se faz, "mesmo sabendo aquilo que é a realidade do investimento nos nossos equipamentos orquestrais nos tempos atuais, em que só temos razões para estarmos céticos, pois este é um momento péssimo e doloroso para quem faz a gestão de uma orquestra em Portugal", afirmou o compositor.
"Isto é verdade para o Teatro de S. Carlos, para o Centro Cultural de Belém ou para a Casa da Música", prosseguiu, acrescentando que, mesmo assim, há "todas as razões para celebrar, porque uma orquestra, mais do que a circunstância do momento, são as pessoas que a formam e a constituem, e a OSP tem músicos de enorme valor no nosso panorama musical, que deram provas ao longo dos anos", declarou. Para Luís Tinoco, as pessoas que estão à frente destes equipamentos "estão todas a tentar fazer a quadratura do círculo". "Mas tenho a esperança que tudo isto seja passageiro e dentro de pouco tempo voltemos a ver o potencial desta orquestra e destes músicos com mais regularidade. Para isso tem de mudar a política que está a ser seguida para estas instituições. Por este caminho, não sei qual será a saída", enfatizou o compositor. "O que está a ser feito, com os pouquíssimos recursos, é bastante louvável", realçou.
Voltando à peça "Abertura Festiva", Luís Tinoco disse que esta tem "um caráter bastante rítmico - do princípio até ao fim-, desde o ponto de vista harmónico, como até um certo 'swing' que é pedido nas figurações rítmicas, acentuações e sincopações". O compositor referiu que "há até um caráter jazzístico em algumas passagens, mas não é uma tentativa de fazer citações de estilos". "A peça abre com um gesto sinfónico, quase com caráter operático, numa referência ao facto de a OSP ser a orquestra do Teatro de S. Carlos [palco lírico por excelência], e depois este gesto funciona como uma ideia que aparece e desaparece várias vezes ao longo da peça", disse. Há ainda, referiu o compositor, "algumas linhas melódicas solísticas atribuídas aos sopros e às madeiras".
Para a compor, Tinoco afirmou que não pensou em nenhuma outra peça, nomeadamente nas aberturas festivas de Chostokovitch e Fernando Lopes-Graça.
O programa concerto, que é dirigido pelo maestro Rui Pinheiro, inclui ainda o Concerto para piano e orquestra n.º 2, de Johannes Brahms, sendo solista o pianista Artur Pizarro.
A OSP celebra 20 anos de existência, e está desde agosto de 2011 sem maestro titular, quando Julia Jones terminou o contrato que a ligava à instituição, desde setembro de 2008.
Após a saída da maestrina britânica, a OSP passou a ser dirigida pelo diretor artístico do S. Carlos, Martin André, e por maestros convidados, como foi o caso de Étienne Abelin, em janeiro.
Álvaro Cassuto foi o seu primeiro maestro titular, a que se seguiram José Ramón Encinar (1999-2001), Zoltán Peskó (2001-2004) e Julia Jones (2008-2011). Donato Renzetti desempenhou funções de primeiro Maestro Convidado entre 2005 e 2007.
No âmbito das temporadas líricas e sinfónicas, a OSP tem-se apresentado sob a direção de maestros como Alain Lombard, Nello Santi, Alberto Zedda, Harry Christophers, George Pehlivanian, Michel Plasson, Krzysztof Penderecki, Djansug Kakhidze, Milán Horvat, Jeffrey Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros.
Uma exposição patente no Teatro S. Carlos conta de forma ilustrada a história da Orquestra.
@Lusa
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