
O diretor do Museu de Lamego, Luís Sebastian, explicou à agência Lusa que a ideia é proporcionar “música de época em cenários de época”, conciliando o lado lúdico da música com uma maior cultura musical e histórica.
“Esta será a primeira edição de uma iniciativa que se pretende anual e sempre em crescendo. Está a dar o primeiro passo, de forma muito tímida, mas para o ano espero que já seja muito maior”, explicou Luís Sebastian, que assumiu o cargo de diretor no início de agosto, na sequência da passagem do museu para a alçada da Direção Regional de Cultura do Norte.
O objetivo é que, no próximo ano, a música dos “Compassos da História” se oiça em vários espaços da cidade. Entretanto, este ano o conceito será ensaiado no Museu de Lamego, estando o concerto dividido por três partes distintas, realizadas em três salas.
“Na sala onde temos peças medievais vamos ouvir temas medievais. Depois todo o público passa para a sala seguinte, onde temos quadros do século XVII do Grão Vasco e ouvimos música renascentista. Finalmente, na sala onde temos a ourivesaria e outras peças de barroco ouvimos temas de barroco”, explicou Luís Sebastian.
O programa musical ficará a cargo dos músicos Ana Leonor Pereira (voz), Gonçalo Freire (flautas de bisel) e Rui Araújo (alaúde, vihuela e teorba).
A parte dedicada ao período medieval terá lugar na “Sala de arqueologia”, onde será apresentada uma síntese do repertório trovadoresco.
A segunda acontecerá na “Sala Grão Vasco”, tendo por cenário as cinco pinturas sobre tábua do mestre Vasco Fernandes, provenientes da Sé de Lamego. Será dada a conhecer uma pequena história de um género poético-musical ibérico denominado “vilancico” ou “vilancete”.
Na última parte do concerto será apresentado um conjunto de peças “com carácter praticamente inédito em Portugal”, que fazem parte de um manuscrito que foi pertença de Johannes Caioni, um monge franciscano da Transilvânia (Roménia).
A apresentação ficará a cargo de Mário Azevedo, vice-presidente da Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo do Porto e diretor da orquestra Orff, da mesma cidade.
“A ideia é ter alguém que, de forma muito leve e em pouco tempo, explique aquela música. Assim, antes de ouvirmos, temos uma introdução para percebermos melhor o que se segue”, afirmou o diretor do Museu de Lamego, acrescentando que se pretende “um ambiente muito informal, de conversa e de proximidade” com os músicos e os apresentadores.
Luís Sebastian avançou que, para a edição do próximo ano, já há muitas ideias, contactos e vontades de várias entidades da cidade, de forma a fazer crescer os “Compassos da História”.
“Já de forma mais ambiciosa queremos ter, por exemplo, música medieval no castelo, música judaica portuguesa na zona da antiga judiaria e música do princípio do século XX no Teatro Ribeiro da Conceição”, explicou.
O responsável admitiu que esta primeira edição passe despercebida a muitas pessoas da região.
“Isso é normal, mas para o ano já será maior, terá mais público. É um investimento que se está a fazer. Daqui a quatro ou cinco anos, Lamego até pode vir também a ser conhecida por este evento”, considerou.
@SAPO com Lusa.
Foto: Facebook Museu de Lamego
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