“Manuel Medeiros Ferreira morreu na sua ilha de S. Miguel e foi vítima de doença prolongada”, afirmou à agência Lusa o amigo e músico Manuel Moniz, acrescentando que o corpo esteve em câmara ardente na ermida do Cemitério de S. Joaquim, em Ponta Delgada.

A canção "Ilhas de Bruma", escrita há 31 anos, acabou por se transformar num “hino não institucional” da açorianidade e da autonomia, tendo sido escrita, segundo relatou Manuel Medeiros Ferreira, num dia de bruma em que “não se via nada e as gaivotas vinham mesmo beijar a terra”.

Em março de 2013 Manuel Medeiros Ferreira disse em entrevista à Lusa que a maior homenagem que lhe podiam prestar era continuar a cantar a sua música, revelando que se emocionava sempre que via o público cantarolar a letra de um tema que se tornou "emblemático para todos os açorianos".

“Eu não fiz com nenhuma intenção de atingir nada, mas de me afirmar eu próprio como açoriano. Não fazia a mínima ideia do sucesso dele. O que senti sempre é que sempre que a cantasse as pessoas iam ter respeito”, afirmou na ocasião o autor, que também viveu em Lisboa e Paris, e para quem este tema era “uma síntese da poesia e da música açoriana” de uma determinada época.

A canção, que levou dois meses a escrever e a aperfeiçoar, foi tocada em público pela primeira vez na primeira edição do Festival Maré de Agosto, que decorre na ilha de Santa Maria desde 1984, mas verdadeiramente o sucesso popular chegou quando a RTP/Açores aproveitou o tema para algumas das suas séries mais emblemáticas na década de 80 do século passado.

O funeral de Manuel Medeiros Ferreira decorreu este sábado no cemitério de S. Joaquim, em Ponta Delgada.

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