Dados os respectivos percursos, e até as diferentes gerações a que pertencem, Lopes e Guionnet pouco têm em comum e mais certo é que não procurem compromissos nem consensos.
De um lado, um guitarrista que ora nos dá a ouvir um tom limpo e cru, ora explora a electricidade, controlando «feedbacks», distorções, sinusoidais, «glitches» analógicos e outras impurezas sónicas; do outro, um saxofonista francês que ora torna um fraseado modal numa arma de arremesso, ora elabora intrincadas texturas que dispensam o ritmo, a harmonia e a melodia, mantendo-se ainda assim incrivelmente musicais.
É impossível prever o que resultará desta inesperada colaboração, para além de que será surpreendente, agitada e única. Se haverá jazz, ou não, só dependerá do rumo que as ideias «não temperadas» e «não subjugadas» tomarem. Nada está determinado nem proibido. Pelo menos no que respeita a planificações e regras estes dois europeus estão de acordo: fora com os espartilhos.
Comentários