Teresa Gouveia falava na apresentação da programação, hoje, em Lisboa, tendo sublinhado que a efeméride da iniciativa coincide com o 30.º aniversário do Centro de Arte Moderna (CAM), projeto da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) que abriu portas no dia 23 de julho de 1983.

No âmbito do festival irá ser editado um livro, que “não será autocongratulatório”, explicou Teresa Gouveia, e que reunirá ensaios originais sobre 50 músicos que participaram nas diferentes edições do JeA.

Rui Neves, diretor artístico do JeA, afirmou, por seu turno, que “os textos são da autoria de três importantes críticos e pensadores do jazz, o canadiano Stuart Broomer, o britânico Brian Morton e o norte-americano Bill Shoemaker”, e haverá uma edição em português e outra em inglês.

O cinema volta a marcar presença no JeA, com a apresentação de nove sessões na Sala Polivalente do CAM, que incluem o “Ciclo John Zorn: Treatment for a film in fifteen scenes”, uma síntese de quatro filmes produzidos por Zorn, que têm como ponto de partida um guião escrito pelo músico, e que foi apresentada, no ano passado, no New York Film Festival.

Será também apresentada a série documental “aTensãoJAZZ”, sobre a história do jazz em Portugal, da autoria de Rui Neves, com realização de Paulo Seabra, e serão exibidos os registos feitos pela RTP das atuações do World Saxophone Quartei, no JeA de 1987, e da Sun Ra Arkestra, no de 1985.

A programação do Festival, que decorre de 2 a 11 de agosto, é antecipada com um espetáculo de entrada livre, de Maria João, no dia 25 de julho, no anfiteatro.

Maria João irá apresentar o seu mais recente projeto, “Ogre”, com João Farinha (fender rhodes e sintetizadores), André Nascimento (eletrónica), Júlio Resende (piano) e Joel Silva (bateria). A escolha de Maria João foi justificada por Rui Neves, pelo facto de “ter sido o seu quinteto, que integrava o saxofonista Carlos Martins, quem inaugurou a primeira edição do JeA”.

O destaque da edição deste ano é para John Zorn, “músico americano dos mais prolíficos”, que assinala o 60.º aniversário, celebração a que o festival se associa, apresentando os três projetos do compositor e saxofonista com companheiros da sua carreira, nomeadamente Marc Ribot, Jamie Saft, Trevor Dunn, Kenny Wollesen, Joey Baron, Cyro Baptista e Ikue Mori.

A abertura do JeA, no dia 02 de agosto, é marcada pela estreia em Portugal do projeto The Dreamers/John Zorn@60, com John Zorn, na direção, composto por Marc Ribot (guitarra elétrica), Jamie Saft (teclados), Trevor Dunn (contrabaixo e baixo elétrico), Kenny Wollesen (vibrafone), Joey Baron (bateria) e Cyro Baptista (percussão).

No JeA apresentam-se também “dois grupos emblemáticos de John Zorn, The Dreamers, explorando uma via 'lounge', e o Electric Masada, sintonizado com os primórdios do jazz elétrico”, explicou Rui Neves.

O “baterista histórico Max Roach”, que se apresentou no JeA de 1995, é evocado com a estreia em Portugal do projeto “Drumming GP plays Max Roach M’Boom”.

O jazz escandinavo, que tem marcado presença regular no JeA, “é uma força que se reconhece cada vez mais na última década”, e estará presente na programação deste ano com o Trio Elephant9, acrescido do guitarrista Reine Fiske.

Outro trio escandinavo é o The Thing, que se estreou em Portugal no JeA de 2004, e que este ano atua “em dimensão ampliada de septeto”, o The Thing XXL, em que “se destacam Peter Evans e Terrie EX”.

O trompetista Peter Evans que se estreou em Portugal no JeA de 2009, apresenta este ano, e em estreia europeia, o seu novo octeto, “onde a eletrónica tem papel determinante e que será mais um novo passo deste músico cuja projeção internacional continua a crescer”.

Anthony Braxton, “músico veterano, plenamente reconhecido pelo seu contributo inovador, poli-instrumentista” que atuou em 2000 e 2006, apresentará um projeto recente, “dando ênfase a uma certa música de câmara”, o Falling River Music Quartet.

O concerto de encerramento “é uma associação que o trompetista de Chicago Rob Mazurek imaginou: unir dois trios que dirige - São Paulo Underground e Chicago Underground - e convidar o lendário músico, companheiro de John Coltrane na sua derradeira fase, a mais radical, o saxofonista Pharoah Sanders, constituindo um sexteto inusitado que se estreou mundialmente com grande efeito no ano passado”, afirmou Rui Neves.

No total, o JeA apresentará dez concertos no anfiteatro e o ciclo de cinema na sala polivalente do CAM.

@Lusa