Editado pela Lovers & Lollypops, foi gravado em maio e será editado em formato digital e em vinil. O novo disco tem dois singles já lançados, “Mol” e “Crina”, refletindo sobre memórias, sensações e o tempo presente.

“É um conjunto de memórias sensoriais baseadas no meu ‘habitat’, onde vivo. As minhas experiências. São como se fossem memórias que podem ser vividas, recriadas, revividas”, descreve, em entrevista à agência Lusa.

Um dos singles, “Crina”, aborda “a sensação de adrenalina de montar um cavalo”, mas há outras notas ao longo do disco, da “sensação da água no corpo” a "outras memórias que ‘quase’ permitem “voltar a ter essas experiências sensoriais”.

No centro de tudo está a harpa, cujo “processo de processamento de som” foi explorado, para “perceber quando perde, entre aspas, a sua ‘identidade’”, conta, e como a enquadrar numa canção, “procurar que esses efeitos, esse processamento, façam parte da composição e não sejam apenas ornamentação”.

Isto porque Salvi teve uma abordagem diferente para “Habitat” do que desenvolveu três anos antes em “Phantone”, que tinha “mais espaço para improvisação”. Aqui tentou “uma coisa mais direta, mais concreta e no presente”.

“Desta vez, tentei explorar o facto de serem mais canções, e mais fechadas, mais escritas. (...) O que já tinha feito era criar uma estrutura e, dentro disso, ter espaço para improvisar um pouco. Queria explorar a parte de compor e fazer canções”, afirma.

Lançado a 4 de novembro, o disco será apresentado ao vivo a 17 de novembro, no B.Leza, em Lisboa, e no Círculo Católico de Operários do Porto, no dia 19.

“Depois de lançar o primeiro álbum [em 2019], o que estive a fazer foi explorar, mais em profundidade, o mundo dos pedais, num trabalho com um engenheiro. Explorámos coisas, e ele fez-me dois pedais, sempre com a ideia das apresentações ao vivo”, revela.

Estes engenhos permitem-lhe explorar em palco “maneiras de trabalhar o som em panorâmica”, por exemplo, e outras noções espaciais de propagação sonora, para uma experiência ao vivo diferente.

A espanhola Angélica Salvi vive no Porto desde 2011, com uma carreira que inclui a Orquestra Filarmónica de Madrid, a Sinfónica do Porto Casa da Música e vários ‘ensemble’ dos Países Baixos, além de trabalho com compositores como Heiner Goebbels, Stephen Andrew Taylor e Takayuki Ray.

O trabalho entre o jazz, o rock e a eletrónica levou-a também à música experimental e ao teatro, trabalhando com várias companhias e estruturas, sendo cofundadora do Female Effects Collective e criadora de projetos como Harpoemacto ou Nooito.

Trabalha como professora de harpa no Conservatório de Música do Porto e “Habitat” é o segundo disco em nome próprio.