O relógio marcava as 10 e 5 quando se ouviram os primeiros acordes. Casa meia cheia, banda a meio gás, assim começou o último concerto da Bel Air tour.

De rajada, a abrir, Quietly, do álbum ‘Walking on a Thin Line’ de 2003, e uma das novas, Oh What a Night.

Antes de um dos grandes êxitos, You Can’t Stop Me, também de 2003, pausa para as boas noites e os agradecimentos pelo acolhimento português, numa noite fria e num concerto ainda muito ameno.

Sandra, cara, voz e alma da banda, começou de casaco e t-shirt com uma grande “Merci Beaucoup”.

No alinhamento, seguiu-se Open Your Eyes, outro dos grandes êxitos da banda que foi cantada mais pelo público do que pela banda.

O concerto continuou com Sunday Lover, do novo álbum, canção que a vocalista, em entrevista ao Palco Principal, admitiu ser, neste momento, a que mais lhe dava prazer cantar.

Vinte minutos de concerto e já não se via o chão do Coliseu. O facto de ser sexta-feira à noite contribui, certamente, para o atraso de muitos fãs que chegaram a tempo de relembrar mais um dos hits antigos, Pretty in Scarlet.

Antes de apresentarem outra música do álbum do ano passado, os Guanos Apes fizeram questão de agradecer ao público português acrescentando mesmo que o nosso país é como “uma segunda casa” para eles e “não havia lugar melhor para terminar a tour”.

De toalha aos ombros, Sandra perguntou quem já tinha o novo cd. Pelas poucas mãos no ar, garantiu que o iria apresentar a seguir. E foi o que fez, ao som de Fire in Your Eyes.

Seguiu-se She’s a Killer: mais uma nova, mas com gosto a antigo. No palco, os Guano Apes faziam lembrar velhos tempos, de êxitos incontornáveis e de rock ‘n roll cheio de garra.

Tiger veio no mesmo seguimento. Sandra já tinha vestida a pele de animal de palco e a face guerreira, agressiva talvez, dos Guano Apes estava de volta. Sempre ao som de muitas palmas, muitas mãos no ar e muitos solos do público, ouviram-se All I Want to Do, When The Ships Arrive e Fanman, todas do novo trabalho, e ainda Underwear, pérola do Best Of da banda lançado em 2004.

Sentia-se no palco a cumplicidade que fazia acreditar que a pausa de 5 anos foi para o melhor da continuação da banda.

This Time, o hino à esperança e ao amor-próprio dos Guano Apes, fechou a primeira parte do concerto. O single de “Bel Air” deu azo a mais elogios ao público português e ao calor do seu acolhimento, antes de se retirarem.

O barulho do público que pedia o regresso da banda ao palco era ensurdecedor. Ao regressar para o encore, a banda veio vestida a rigor: cada um trouxe um disfarce, ou simples adereços, para, de uma forma especial, diferente, se despedirem de um público que os recebeu de braços abertos e que os apaixonou desde o início da carreira. Sempre próxima do público, Sandra mostra em palco um à-vontade irrepreensível.

Houve direito a um instrumental de Plastic Mouth, êxito do álbum “Walking on a Thin Line”, a mais uma nova e a duas velhas: Big In Japan, o momento mais alto do concerto, pôs o Coliseu aos saltos e contaram-se pelos dedos os que ficaram presos ao chão.

A terminar o espetáculo, o revivalismo e a tour, Lords of the Boards, com o baixo tocado por um Homem-Aranha no alto de umas andas. O êxito mais antigo – de Proud Like a God, de ’97 - foi a despedida.

“How could it be better? It’s the perfect way to end the tour”, palavras deles, não nossas.

Texto: Inês Espojeira
Fotografias: Filipa Oliveira