
Metade do público que assistiu aos dois espetáculos no final da semana, organizados por Nelson Nogueira, o português que desde 2010 promove noites de fado na Suíça, era suíço, o que surpreendeu o próprio diretor da sala de concertos UpTown, em Genebra.
O público estava “equilibrado” entre portugueses e suíços, disse à Lusa Emmanuel Clerc, confessando que não esperava esta afluência. “Eu tive ocasião de ouvir fado durante as minhas viagens a Portugal (…). Descobri o fado há mais de 10 anos”, declarou à Lusa Marie Christine Rivel, cantora suíça de ópera e fã de música do mundo e uma das espetadoras do evento que decorreu esta semana em Genebra.
Também Christa começou a ouvir fado há cerca de dez anos e confessou à Lusa que gostaria de ir a Lisboa para conhecer melhor esta cultura musical. “Adoro fado e adoro a língua portuguesa. O fado tem tudo, a nostalgia, a beleza, a alegria ao mesmo tempo”, afirmou.
Priska conta-se entre os novos admiradores deste género musical, património imaterial da humanidade. Convidada para assistir ao espetáculo de Joana Amendoeira, Priska não escondeu a “curiosidade” por este primeiro concerto. A mesma “impaciência” foi manifestada por Julie, que nunca antes ouvira fado e que foi levada à UpTown por uma amiga portuguesa. Maurizio, também suíço, deslocou-se de propósito de Basileia com a mulher: “Estive em Lisboa no passado e adorei. Esta é a primeira vez que venho ouvir fado”.
Entre o público português, Eugénia Ferreira, ativista em associações caritativas, aprecia um “bom fado”, que aprendeu a gostar ouvindo Mariana Correia, e veio ouvir Joana Amendoeira pela primeira vez.
Ana é guineense e, integrando um grupo de mulheres da Guiné-Bissau, confessou à Lusa ser grande apreciadora de fado e não perder nenhum concerto: “Assim que há fados vou ver”. Descobriu o fado na Guiné-Bissau, uma paixão transmitida pelos pais. “Vivi em Lisboa dos 11 anos até aos 26 anos. Portanto, desde pequenina ouço fado”, disse.
Os 328 bilhetes disponíveis para esta terceira edição das noites de fados organizadas por Nelson Nogueira e a produtora ANS (178 para Genebra e 150 para Lausana) esgotaram com uma semana de antecedência.
Os concertos tiveram como cabeça de cartaz Joana Amendoeira e incluíram as vozes de Cláudia Leal, Vicenta e Teresinha Landeiro, em representação de uma nova geração de fadistas, com estilos diferentes e inovando sem se desviarem da tradição, realçaram os organizadores.
O público ovacionou cada interpretação, acompanhando as músicas mais conhecidas, sobretudo o “encore” final, "Cheira bem Cheira a Lisboa", popularizado por Amália Rodrigues.
O diretor do UpTown de Genebra confessou à Lusa não ser grande conhecedor de fado, mas, perante o sucesso desta primeira experiência na sua sala de espetáculos, pondera repetir a experiência: “É muito encorajador e positivo”.
Nelson Nogueira, que organiza espetáculos de fado “por amor a uma causa”, já está a preparar novo evento para o início de 2014 “com fadistas muito reputados de Lisboa”.
@Lusa
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