Propositadamente azeiteiros, orgulhosamente sádicos, brutalmente badalhocos, estupidamente românticos, subtilmente cavalheiros e acima de tudo bons portugueses. São mais que as mães e enchem o palco de uma javardice irresistível a qualquer oprimido da sociedade tuga.

Este Carnaval, os Ena Pá 2000, prepararam um ritual de culto para a purificação das almas, repleto de convidados dos mais altos quadrantes do panorama internacional e quiçá nacional.

Desfolharam todos os temas do seu mais recente “Álbum Bronco” e provaram que bronco mais bronco não há. Os Marcianos foram o primeiro tema da noite, seguido pelo ritmo pimbalhó-soviético de Mulher Portuguesa. De facto o Carnaval é só uma desculpa que estes senhores não precisam para "pintar a manta". O primeiro convidado é Tomás Pimentel que completou a noite com uma incrível participação no trompete. "Eu tenho um projecto para levar Portugal de novo para os anos 80, mas isso é só mais daqui a bocado." - diz o candidato Vieira e assim inicia-se no PDF, num tributo que não é de todo às novas tecnologias.

A dupla de Valquírias deram um toque feminino à coisa e não demorou muito até que o amor e a comunhão dos fluídos se fundissem no Barco do Amor, Ela e Canção de Amor. Para alegria da audiência masculina quem também chegou para abrilhantar o romantismo desta canções foi Miss Romina e o seu incrível strip-tusa.

Há-des Ter, Lulu, "gosta de levar no traseiro", Dentro das Montanhas. Não faz sentido? Pois não, não faz. Mas foi assim que aconteceu ontem à noite na sala principal do Hard Club e não faltaram testemunhas. Tudo dentro dos trâmites ilegais. Quem também fez parte da festa foi o Timóteo dos Xutos, ou será, o Tim dos Pontapés? De qualquer forma chegou apenas para dizer que é Um Gajo Normal e que nada tem a ver com aquela brincadeira.

"Queremos agora apresentar um homem, um monstro, de seu nome Eugénio Lopes, mas que vocês só devem conhecer pelo seu nome secreto: Gimbas!". Entra Gimbas e entra também de novo a Miss Romina com o tema Querida Lassie. Desta vez vestida de enfermeira, mas mais uma vez não por muito tempo e logo as suas curvas levam os meninos ao delírio.

"Eu só estou aqui pelas Valquírias, pelo Tomás Pimentel, pela Romina e por vocês. O resto são tudo uma cambada de energúmenos… mas são meus amigos." - disse Rui Pregal da Cunha, entrada em substituição de Rui Reininho para interpretar o tema Pernas Abertas nas Desertas.

Com a sua banda de anões invisíveis chega Victor Gomes, para interpretar os maiores clássicos da noite. Com todo o charme dos seus cabelos brancos começa com Oh My Love My Darling de Roy Orbinson e acaba com My Way de Frank Sinatra, ambas numa interpretação de forte cunho português, tal como não podia deixar de ser.

Seguiu-se o sorteio do Cabaz da Bronca e dos brinquedos insufláveis, nomeadamente “A Mamalhuda” e o “Senhor Erecto”, respectivamente a quem mais lhe conviesse. Tudo inenarravelmente moderado pelas Valquírias que tão bem levaram a bronca a todos os presentes.

Depois desta breve pausa, para um copo ou dois de “taulada”, a segunda parte foi um constante crescendo, revisitando velhos clássicos como Vida de Cão, Alice, Um Gajo Muita Fixe, O teu Pipi, Emigrante, És Cruel (mais uma vez com a participação de Tim) e ainda a grandiosa Marilú.

O encore aconteceu Na Guarda, a solo por Manuel João Vieira, e depois com Coisinha Boa e não só, por todos os que pisaram o palco até então, num grande final orgásmico que se prolongou de forma tântrica. “Para mim esta noite no Porto, foi a minha melhor noite no Porto” – diz o Vieira, e quem somos nós para o desmentir? Eles andém aí!!!

Texto: Íris Rocha
Fotografias: Filipa Oliveira