Três dias foi o tempo que Nuno Duarte, a.k.a. Jel, dos Homens da Luta, e a Câmara Municipal de Lisboa levaram a organizar e a montar o espetáculo de homenagem a Lou Reed, que aconteceu sexta-feira à noite, em Lisboa. O Largo do Intendente foi pequeno para juntar as pessoas que ali se juntaram para ouvir, pela voz de cerca de 30 músicos portugueses, algumas das mais marcantes canções de Lou Reed e dos Velvet Underground. O entusiasmo do público e dos artistas em palco foi contagiante - ali celebrava-se apenas uma coisa: a boa música.

Lou Reed, falecido no passado domingo, aos 71 anos, foi recordado por nomes mui distintos do panorama musical nacional, desde os mais experientes Rui Reininho (GNR), Jorge Palma, Tim e Zé Pedro (Xutos e Pontapés), Flak (Rádio Macau), Anamar ou Alex Cortez (Rádio Macau), até aos nomes mais novos, como Carolina Torres (The Girl With the Black Bikini) e Anarchic, passando também por Tiago Bettencour, JP Simões, Manuel Fúria, Paulo Furtado (Legendary Tigerman), Rita Redshoes, Pedro Lousada (Blasted Mechanism), Armando Teixeira (Balla) e Samuel Úria, entre tantos outros.

A noite vestiu-se de uma temperatura amena, perfeita para este tipo de eventos ao ar livre, e soube ser a companhia ideal para receber músicos com experiências e percursos bastante diferentes. A abrir a festa, Jel, que, ao longo da noite, foi também o apresentador dos diversos convidados, começou com “Rock’n’Roll” - afinal a noite é para celebrar o rock.

Mas também houve músicas para nos acalmar e fazer recordar que Lou Reed era, também, um poeta que se deixava levar por momentos mais introspetivos. Tiago Bettencourt, ao piano, como “Satellite of Love”; JP Simões, como “Sweet Jane”; Paulo Furtado e Rita Redshoes, com Anamar e Cláudia Efe (Micro Audio Waves) no coro, a cantar ‘”Femme Fatale”; ou Manuel João Vieira com a belíssima “Make Up”.

Mas também houve lugar para o rock, claro, com Tim e Zé Pedro a cantarem “Vicious”; Carolina Torres e Anarchic, com “Sunday Morning”; Samuel Úria, Pedro Lousada e JP Almendra, em um dos momentos mais animados, a cantar “Run Run Run”; e Tiago Gomes com Jel a lembrar que há sempre tempo para percorrer uma “Dirty Boulevard”.

E houve ainda espaço para as surpresas dos Micro Audio Waves, com a sua pop mais electrónica; para Flak, a cantar “Pale Blue Eyes”; Alex Gaspar e Celina da Piedade, com “All Tomorow’s Party”; Armando Teixeira com “Waiting for My Man”; Anamar, com Manuel João Vieira ao piano, a dedicar a canção “Good Night Ladies” a Zé Guiné, músico e artista, recentemente falecido; ou Manuel Fúria a misturar o inglês e o português no tema “Heroin”.

A parte musical ficou a cargo, além dos já referidos JP Almendra, Pedro Lousada e Flak, dos bateristas Samuel Palitos, d’A Naifa; e David Pires, d’Os Pontos Negros; e Vasco Duarte, companheiro de Jel nos Homens da Luta.

Os melhores momentos foram deixados para fim, com o grande Jorge Palma a cantar “Take a Walk on the Wild Side”, ao piano, acompanhado por Carlos Martins no saxofone. Nesta altura, já todos os músicos se encontravam em palco e, desta forma, se preparavam para fechar a noite em grande. Coube a Rui Reininho o tema “Perfect Day”, para fechar o concerto.

Mas, como qualquer festa que ainda vai a meio, Jel anunciava que, dado o sucesso e a adesão do público, a Câmara tinha autorizado o prolongamento do concerto. “Mas uma vez que não temos mais músicas ensaiadas, o encore será feito com músicas que já tocámos”, explicou. Ainda assim, e porque o que é bom nunca é de mais, o público por ali ficou, até que a festa acabasse, de vez.

Texto: Helena Ales Pereira