Se o palco é o derradeiro teste para uma banda, poucas terão notas tão altas como os Gogol Bordello. O colectivo multicultural radicado em Nova-Iorque é, desde finais dos anos 90, um respeitável concentrado de energia ao vivo, contexto em que a sua amálgama desenfreada de música balcânica e punk rock (entre outros ingredientes) atinge resultados mais faiscantes.
Os concertos, habitualmente frenéticos e fusionistas, são a resposta natural de uma banda que não esconde a admiração por nomes como Manu Chao, The Clash ou Parliament-Funkadelic, influências devidamente aliadas a sonoridades tradicionais de geografias díspares. Como o Brasil, por exemplo, país que inspirou o último disco, "Trans-Continental Hustle" (2010), e onde o vocalista Eugene Hütz tem vivido nos últimos anos.
Essa afinidade local levou a que o álbum - produzido pelo veterano Rick Rubin - tivesse direito a uma canção com título em português, "Uma Menina Uma Cigana", embora a música dos Gogol Bordello não tenha mudado muito - o que não é grave, já que os discos, quase indistinguíveis, são essencialmente uma desculpa para fazer concertos, e não há grande mal nisso quando estes funcionam tão bem. Madonna que o diga, uma vez que além de fã da banda actuou com ela no Live Aid de 2007, numa versão de "La Isla Bonita" com tempero cigano reforçado - antes de convidar Hütz para o seu filme, "Sujidade & Sabedoria" (2010).
A última passagem dos Gogol Bordello por Portugal foi há poucos meses, no festival Optimus Alive!10, em Oeiras, mas não faltará quem já tenha saudades da sua companhia. Até porque, mesmo que não contem com samba, os seus concertos são dos melhores aquecimentos para o Carnaval (ou alternativa, no caso da actuação em Lisboa).
Os Gogol Bordello actuam no Coliseu do Porto a 6 de Março e no Campo Pequeno, em Lisboa, no dia seguinte. A primeira parte, a cargo dos catalães Che Sudaka, arranca às 21 horas, e o preço dos bilhetes varia entre os 23 e 28 euros.
Videoclip de "Pala Tute":
Gogol Bordello no festival Paredes de Coura, em 2007:
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