Há um século, assistia-se na Europa a um dos mais efervescentes momentos da História da Música. Qualquer pretexto era válido para anunciar rupturas com o passado e ensaiar novos recursos expressivos. Revelavam-se, um atrás de outro, os grandes compositores do século XX, ansiosos por reinventar a arte dos sons numa altura em que todos os modelos pareciam esgotados. Igor Stravinski foi um dos principais protagonistas deste processo. No bailado «O Pássaro de Fogo» recorreu a uma dimensão sobrenatural para se abandonar nos ritmos frenéticos que chocaram os mais conservadores, mas que em igual medida fascinaram todos os restantes.
É este o mote para o concerto especial que a Orquestra Metropolitana de Lisboa faz no dia 5 para a União Europeia de Radiodifusão, e leva depois até ao Teatro Municipal de Almada, no 6, pelas 16h00.
Juntam-se-lhe a irreverência e o talento de outros compositores da mesma época. Com o poema sinfónico «Paraísos Artificiais», o português Luís de Freitas Branco escandalizou o público, evocando os delírios provocados pelo consumo do ópio, inspirando-se em textos de Thomas de Quincey e apostando numa escrita musical arrojadamente subtil. Nas suas «Valsas Nobres e Sentimentais», o francês Ravel rendia-se aos encantos fúteis da dança oitocentista para recriar o espírito ébrio dos novos tempos. Finalmente, no primeiro programa, lança-se ainda um olhar sobre o período bem mais sombrio da II Grande Guerra, com a música de Frank Martin, «Seis Monólogos de «Jedermann».
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