Há dez anos, João Pereira criou a Bazuuca no seguimento de um outro projeto, através do qual já organizava concertos em Braga, como recordou, em declarações à Lusa: “Começou por ser uma iniciativa mensal e passou a promotora, mas quando nasce a Bazuuca decidimos ser algo mais do que apenas uma promotora. Começámos a olhar para a cidade e a perceber que tinha muito potencial artístico. Havia muitas bandas a nascer, muitas com potencial grande”.

Desafiado pelos Bed Legs, banda local, João Pereira decidiu começar a dedicar-se também ao “trabalho de circulação de artistas, maioritariamente bracarenses”, com os Grandfather’s House ou St. James Park, mas com o passar do tempo foram-se juntando também à ‘carteira’ da Bazuuca projetos de outras cidades, como os Paraguaii, de Guimarães, os 10 000 russos, do Porto, ou os Evols, de Vila do Conde.

Conseguir “fazer crescer” bandas locais a partir de Braga “é muito mais difícil” do que a partir de Lisboa ou do Porto.

“É muito complicado tirar as bandas de cá, e é esse o trabalho que temos vindo a desempenhar ao longo destes anos”, referiu João Pereira.

Mas também é mais difícil agora do que há dez anos, “e não se trata de estar em Braga, em Lisboa ou no Porto”.

“Estamos a passar uma fase muito complicada, parece que há poucos espaços para as bandas circularem. Está a ser uma época bastante complicada. Há um desinteresse por parte das pessoas em assistir a concertos de bandas emergentes que não conheçam. As pessoas se não conhecerem já não perdem tempo a ir à descoberta, e isso tem prejudicado as bandas que estão a aparecer, que querem tocar, que querem circular”, lamentou, acrescentando que tal “tem-se acentuado cada vez mais desde a pandemia da covid-19”.

Embora não seja um trabalho fácil, João Pereira nunca pensou desistir do que faz.

“Quando comecei a organizar eventos, a pensar nisto tudo, disse a mim mesmo que não podia desistir. ‘Vai haver momentos muito complicados’, e já os houve, mas também há momentos incríveis. E são esses momentos que me mantêm aqui, a querer fazer este trabalho”, disse.

Conseguir ter bandas “todos os anos” no festival Paredes de Coura, é uma das alegrias que tem tido.

“Viver disto é muito complicado, viver disto a partir de Braga é extremamente complicado. É mesmo o amor pela música, e pela Cultura, que me mantém a fazer este trabalho”, referiu.

Os 10 anos de dedicação à Bazuuca serão celebrados no Lustre, em Braga, “com grandes concertos, grandes bandas, de diferentes estilo e géneros, do funaná ao punk, do rock à eletrónica”.

“Conseguimos um cartaz que caracteriza muito bem aquilo que nós somos”, disse.

Os Bed Legs vão apresentar o novo álbum, “Decadence”, que é editado na sexta-feira, os Paraguaii têm preparado um concerto de celebração dos 10 anos de carreira, e Scúru Fitchádu e os Maquina. deverão aproveitar para desvendar alguns temas dos novos álbuns que têm previstos para breve.

Os bilhetes para os “10 ANÕES da Bazuuca” custam 15 euros e já estão à venda, mas podem ser adquiridos no dia do concerto à porta do Lustre.