“Estamos em junho, o AngraJazz é já em outubro e, além dos privados, o único apoio que nós temos garantido é o da Câmara Municipal de Angra [do Heroísmo]. Os outros apoios da Cultura, do Turismo, não temos resposta ainda às nossas candidaturas”, afirmou José Ribeiro Pinto, da associação cultural AngraJazz, que organiza o festival desde 1999, na apresentação do cartaz da 24.ª edição, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
O festival, que leva a Angra do Heroísmo Renee Rosnes, Ben Allison, Coreto, Immanuel Wilkins e Vivian Buczek, nos dias 4, 6 e 7 de outubro, conta com um orçamento entre 110 e 120 mil euros e prevê arrecadar uma receita de bilheteira de 18 mil euros.
José Ribeiro Pinto garantiu que se os apoios do Governo Regional para esta edição “não se confirmarem”, para o ano “não há AngraJazz”.
“Ao longo dos anos, conseguimos criar um fundo, que neste momento está esgotado”, revelou.
O membro da associação cultural AngraJazz frisou que o festival não pode ser preparado no mês anterior, “em cima do joelho”, por isso é necessário ter a certeza de que os apoios chegam com mais antecedência.
“Começamos a fazer isso em janeiro/fevereiro e mesmo assim já não apanhamos às vezes alguns [músicos], porque já têm o seu calendário preenchido”, explicou, acrescentando que os bilhetes de avião também ficam mais caros quando são comprados em cima das datas.
As críticas ao executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) foram sublinhadas pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (PS), Guido Teles.
“É impossível fazer eventos de grande escala e com capacidade de catapultar o nome de Angra [do Heroísmo] e da ilha Terceira para o exterior, sem que exista um compromisso das várias entidades que têm responsabilidade a este nível”, vincou.
O autarca disse que, nos últimos tempos, vários eventos internacionais “têm estado praticamente dependentes do apoio municipal”, porque as respostas do executivo “acabam por surgir demasiado tarde”.
“Isto é uma situação que nos vem a preocupar, porque é obviamente um impacto grande no nosso orçamento, muito maior do que era normal, porque existia uma partilha de responsabilidades e de investimento nestes eventos”, apontou.
Questionada pela Lusa, a secretária regional da Educação e Assuntos Culturais, Sofia Ribeiro, assegurou que a tutela está a “ultimar os processos de atribuição dos apoios ao abrigo do regime jurídico dos apoios às atividades culturais”.
“Contamos dentro de dias ter esta questão resolvida e dirimida”, avançou, acrescentando que, em 2019 (último ano de governação do PS), “os apoios foram atribuídos também no final de maio”.
A titular da pasta da Cultura adiantou ainda que “a muito curto prazo” será colocada a discussão pública uma proposta de revisão da operacionalização deste regulamento, para agilizar o processo de atribuição de apoios.
“O nosso objetivo é desburocratizar o sistema, podermos ter uma desconcentração em termos de serviços de apoio às várias entidades que se estão a candidatar, podermos ter apoios diferenciados consoante o nível de exigência que se coloca a estes projetos culturais e termos também uma calendarização que confira maior estabilidade na atribuição”, explicou, acrescentando que as alterações deverão entrar em vigor “ainda este ano”.
Entre as propostas do executivo açoriano está a criação de um regime de avaliação diferenciado, que distinga “as entidades que apresentem projetos pontuais” das que “têm já um caráter de sistematização que já se aproxima muito da profissionalização”.
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