Em declarações à agência Lusa, Ana Moura referiu que colocar “cá fora o disco é a realização de um sonho” pois o projeto foi concebido durante o período da pandemia.

“A ideia inicial foi estar livre, para poder compor sem amarras, ou seja, sem sentir que só devia recorrer a determinados elementos fadistas… A ideia foi juntar-me com os produtores que escolhi [Pedro da Linha, Pedro Mafama, Conan Osíris e João Bessa] e podermos estar a compor livremente, em minha casa, na altura da pandemia, e acabou por resultar um disco que reúne tantas sonoridades musicais”, disse Ana Moura.

O título do disco resulta deste espaço de reunião. Numa homenagem à sua avó materna, Ana Moura batizou a sua residência como “Casa Guilhermina”, como consta num painel de azulejo que encomendou, numa altura em que se entusiasmou pela pintura de azulejo.

“Como o disco foi feito aqui em casa, ficou ‘Casa Guilhermina’, com todas estas divisões que compõem a casa e consequentemente a mim, foi fazer uma analogia com isso, abrir as portas da minha casa e da Casa Guilhermina, às pessoas para entrarem em todas estas divisões, com todas estas sonoridades, desde a parte mais dançante, a sala, às andorinhas do jardim, até à parte mais íntima da casa que são os quartos”, disse.

Ana Moura tinha já revelado a sua faceta de compositora noutros álbuns, mas neste assina também algumas letras, além de composições.

“Estreio-me como letrista, até agora só tinha feito melodias, sempre julguei que não tinha capacidades para escrever, mas surgiu de uma forma muito espontânea. Comecei a escrever uma história muito íntima e, depois tornou-se tão especial, que me deu vontade em aventurar-me a escrever outras”, disse.

“Mázia” é uma das suas letras, para a qual compôs a música, outra é “Sozinha lá Fora”, também letra e música suas, “Arraial Triste” que escreveu em parceria com Pedro Mafama, sendo a música da dupla com Pedro da Linha.

Ana Moura assina ainda “Minha Mãe”, que canta no Fado Menor, com Pedro Mafama assina “Jacarandá”, que canta numa música composta por si, Mafama e Pedro Da Linha. Os temas “Trigo” e “Colheita” são de sua autoria com música de Conan Osíris.

A fadista disse não se sentir exposta por assinar letras: “Acho que as letras não são muito explicitas, há até algumas com a linguagem mais encriptada, que se referem a memórias que eu tenho, mas que outras pessoas podem ter outra interpretação. É curioso que o facto de estar a escrever uma história mesmo minha não me faz sentir exposta”.

O álbum “reúne várias sonoridades” incluindo fados, como “Estranha Forma de Vida” (Amália Rodrigues/Fado Bailado, de Alfredo Marceneiro), “Senhora das Dores” (José Luís Gordo/Carlos Macedo), “Classe” (Conan Osíris/Fado Zé Negro, de Francisco José Marques) e “Janela Escancarada”, uma nova versão de Ana Moura, Pedro Mafama, Kalaf Epalanga e Toty Sa’Medde de “À Janela do Meu Peito” (Alberto Janes), uma criação de Amália Rodrigues.

A tradição africana, particularmente angolana, é notada no álbum, tendo Ana Moura referido o ambiente familiar: “Os meus pais sempre ouviram muita música africana, nomeadamente angolana, o semba, e outras músicas mais antigas, que sempre fizeram parte do meu universo musical, e, mais tarde, a kizomba, e por isso estas sonoridades estão presentes neste disco. Eu não fiz sembas nem kizombas”.

Sobre o disco, a intérprete afirmou que “não é uma nova Ana Moura, como já [ouviu] dizer”, mas realçou esperar “que as pessoas que têm acompanhado estejam disponíveis a [acompanhá-la] nesta descoberta” de si própria.

Neste projeto, a fadista é acompanhada, entre outros, pelos músicos Ângelo Freire, Pedro Soares, André Moreira, Pedro Da Linha e Conan Osíris, Pedro da Linha, João Ferreira e Mário Costa, Paulo Flores, Betinho Feijó e Kiari Flores, Luís Estudante.

O álbum é apresentado no dia 25 no Teatro Capitólio, em Lisboa, no âmbito do Festival Super Bock em Stock. À Lusa a fadista disse que está a preparar "com todo o cuidado e atenção esta apresentação, pois não é fácil transpor para palco todas estas sonoridades".

Em janeiro do próximo ano Ana Moura vai levar "Casa Guilhermina" a Berlim, no dia 18, dois dias depois a Amesterdão, no dia 26 a Londres e no dia seguinte a Paris.

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