“Mais do que tudo, peço desculpas profundamente às vítimas”, disse Julie Keiko Fujishima, curvando-se quatro vezes, num vídeo de um minuto, divulgado no domingo, na plataforma YouTube.
Fujishima pediu também desculpas pela “deceção e preocupação” causada entre os fãs dos artistas cujas carreiras são geridas pela Johnny's, como a empresa também é conhecida.
Numa declaração escrita, a executiva garantiu que não sabia de nenhum caso de abuso e disse que a agência criou equipas para criar procedimentos que protejam os artistas e para dar aconselhamento às vítimas.
No entanto, Fujishima não mencionou a possibilidade de pedir uma investigação externa ao comportamento da empresa.
Desde 1988 que vinham sendo publicadas alegações contra Johnny Kitagawa, uma figura poderosa no entretenimento japonês. No entanto, o fundador da Johnny & Associates, que morreu em 2019, nunca foi acusado de qualquer crime.
O caso voltou à ribalta no mês passado, quando o músico japonês de origem brasileira Kauan Okamoto se tornou a primeira alegada vítima a vir a público e a permitir tanto a publicação do seu nome como da sua fotografia.
No Clube de Correspondentes Estrangeiros em Tóquio, Okamoto, que assinou um contrato com a Johnny's quando tinha 15 anos, disse ter sido abusado em pelo menos 20 ocasiões e ter visto colegas seus a serem também abusados.
O músico disse que, durante o período em que esteve na agência, entre 2012 e 2016, Johnny Kitagawa terá abusado de entre 100 e 200 menores.
Após encontrar-se com Okamoto, Julie Keiko Fujishima disse não poder ter a certeza sobre as acusações do músico, mas garantiu que alegações de abuso sexual a envolver a agência “nunca deveriam voltar a acontecer”.
“Ainda mal começámos, mas ele deu-nos a oportunidade de mudar”, disse a executiva.
Nas redes sociais surgiu uma campanha de boicote da Johnny's, incluindo das empresas que assinaram contratos de publicidade e patrocínio com os artistas geridos pela agência.
Entretanto, uma petição de protesto contra a agência já recolheu milhares de assinaturas.
Alguns críticos disseram que o pedido de desculpas de Fujishima não era suficiente, defenderam que a executiva deveria convocar uma conferência de imprensa e assumir a responsabilidade, renunciando ao cargo.
Outros criticaram a imprensa japonesa por permanecer em silêncio durante décadas face às alegações, sugerindo que temiam retaliações e perder o acesso aos artistas geridos pela Johnny's.
De acordo com as acusações, Kitagawa regularmente convidava jovens cantores e bailarinos, muitos deles ainda menores, para dormirem na sua mansão, onde eram depois pressionados a terem sexo com o magnata.
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