“Eu não mordo”, avisou Chris Isaak logo no início para que o público se aproximasse do palco. Mas o músico californiano não se ficou por aqui. Começou por cantar os primeiros versos de “April in Portugal” (a versão inglesa do fado “Coimbra”) e, logo de seguida, avançou plateia adentro para cantar o clássico “Love me tender” à “rapariga mais bonita” na assistência.

Mas não foi apenas neste momento que a influência de Elvis Presley se fez sentir. A poupa impecavelmente trabalhada, o fato exuberante e os movimentos pélvicos mostram a admiração que Isaak sente pela mítica figura do rock n’ roll.

“Lonely with a Broken heart”, “Two Hearts” são algumas das canções que Chris Isaak trouxe na bagagem até Cascais. E pelos títulos é fácil perceber qual a temática que domina o seu universo. Ou não fosse este um músico que junta rock n’ roll, blues e country, por vezes, numa mesma música.

A faceta rock n’ roll esteve presente, como em “Cheater’s Town” ou “Speak of the Devil”, num concerto em que até houve tempo para um momento gospel, mas foi aos primeiros acordes de “Wicked Game” que a plateia exultou.

O êxito dos anos 80 e 90 continua a ser o principal motivo que arrasta o público até aos concertos de Isaak, e o norte-americano não os quer desapontar, interpretando-a exactamente como todos a estão habituados a ouvir.

Um dos pontos altos do concerto que não se ficou por aqui. Ainda houve versões de “Pretty Woman” e “Only the Lonely”, ambas de Roy Orbison, outra das influências confessas de Isaak, e também uma invasão de palco (consentida) com mulheres e raparigas da assistência a ensaiar passos de dança ao lado do músico e da banda.

Chris Isaak representa um pouco de tudo: a voz e a pélvis de Elvis, o espírito de Roy Orbison e a classe de Dean Martin. Mas Isaak é também um romântico numa época em que já existem poucos. Quando canta “You don’t cry like a do” quase que acreditamos. Mesmo que no final esboce um sorriso e mostre que sofrer não é para ele…

Texto: Frederico Batista

Fotos: Vera Moutinho