
A ideia, explica Arménio de Melo numa nota introdutória, foi compor melodias, com a respetiva partitura para guitarra, para poemas em quadras, decassílabos, quintilhas, sextilhas, alexandrinos e versículos, "os fados ditos estróficos”.
O livro, “40 fados”, é apresentado na quinta-feira, às 19:00, no Museu do Fado, em Lisboa, pelos autores e pela diretora da instituição, Sara Pereira.
Sobre a obra, Sara Pereira escreve que resultou de um “diálogo cúmplice”, entre a poesia de José Luís Gordo, que “tem sido o cronista de uma Lisboa íntima, luminosa de simplicidade” e a composição de Arménio de Melo, “oriundo de uma linhagem de grandes músicos do fado liderada pelo histórico Martinho d’Assunção, com quem estreitamente colaborou”.
“Deste diálogo cúmplice entre a poesia e a música surgiram 40 fados inéditos que o destino transmutará agora, seguramente, no encontro alquímico entre o texto, a música e a voz”, remata a diretora do Museu do Fado.
Arménio de Melo dá conta deste trabalho cúmplice: “Estávamos sempre em contacto trocando ideias sobre esta ou aquela palavra, sobre esta ou aquela nota, aquela ‘voltinha’ pois é esta forma de escrever e compor que define uma parceria”.
No prefácio, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, atesta que José Luís Gordo “é Mundo” para justificar em seguida: "Na poesia de José Luís Gordo redescobrimos Lisboa aberta em mil cores. Uma Lisboa arreigada à tradição mais popular, que aqui redescobrimos pela desconcertante inquietude de quem perscruta o Mundo em permanência. José Luís Gordo é Lisboa e, sendo Lisboa, é Mundo”.
O autarca afirma que, “cantando Lisboa ao longo de cinco décadas, a fidelidade às raízes constituiu sempre impulso de futuro e de renovação” para José Luís Gordo, autor, entre outros de “Até que a voz me doa”.
Sara Pereira sublinha por outro lado, que “Arménio de Melo desenvolveu, ao longo de mais de quarenta anos de intensa atividade profissional, um percurso riquíssimo onde a música, o ensino e a investigação convivem abertamente”.
Licenciado em Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa, Arménio de Melo tem gravado, regularmente, acompanhando fado, integrado noutros projetos musicais e interpretando as suas próprias composições. Para a Estoril Discos realizou a gravação de vários fados tradicionais com o propósito de se fixar a sua melodia.
"40 fados" é o terceiro livro de José Luís Gordo, o primeiro acompanhado das melodias referentes a cada poema, criadas e registadas em pauta por Arménio de Melo, sucedendo a "Recados ao Fado", livro editado em 2004, ao qual se seguiu, em 2010, “Poemas do meu fado”, publicado com um CD em que se regista a interpretação com música de alguns dos poemas e a declamação por si de o outros.
Distinguido com Prémio Amália Melhor Poeta, em 2005, José Luís Gordo, aos 16 anos, viu a sua primeira poesia cantada pela fadista Beatriz Ferreira, intitulada "Tudo na vida passou".
À apresentação da obra seguir-se-á a interpretação de vários dos poemas segundo as melodias compostas, pela cantora Rita Gordo e os fadistas Liliana Silva e João Vaz, que fará também o acompanhamento à viola, e na guitarra portuguesa estará o próprio compositor, Arménio de Melo.
@Lusa
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