Na quarta-feira, 1 de março, Will Smith compareceu a uma cerimónia de prémios e voltou a subir a um palco para discursar, quase um ano após ter dado uma bofetada ao comediante Chris Rock nos Óscares a 27 de março de 2022.

O ator compareceu no evento no Hotel Beverly Wilshire, em Los Angeles, da Associação de Críticos de Cinema Afroamericanos (AAFCA) para receber o "Beacon Award" com o realizador Antoine Fuqua, em reconhecimento pela fora como abordaram um tema controverso de forma envolvente com drama esclavagista "Emancipação".

Durante o seu discurso, Smith descreveu recordou as condições de rodagem do drama, que descreveu como "o filme individual mais difícil" da sua carreira, apesar de acrescentar, numa nota de humor, que foi feito todo em exteriores e não em estúdio.

Dirigindo-se aos artistas negros presentes no público, disse que eram pessoas que realmente "sofrem pela arte de trazer estas histórias para o ecrã e apresentá-las de uma forma que tenha impacto emocional ao contar nossas histórias e, com sorte, a possibilidade subtil de mudar um coração ou uma mentalidade" e agradeceu-lhes por "manterem vivas as nossas histórias".

Houve ainda um agradecimento à Apple por nem sequer terem pestanejado quando o orçamento de "Emancipação" continuava a crescer, numa referência aos custos da super-produção de 120 milhões de dólares alegadamente terem resvalado pelo menos para os 162.

"Quero agradecer à Apple, porque o orçamento era uma coisa. E depois o orçamento foi outra coisa. E depois o orçamento foi outra coisa. E a Apple nunca vacilou. Foi a primeira vez que ouvi de um estúdio que a história era mais importante do que quanto custa para conseguir fazê-la…", disse, perante aplausos do público.

A seguir, acrescentou com humor: "E depois acrescentámos mais umas coisas que queríamos. Eles fazem iPhones. Eles podem fazer isso!".

"Emancipação" ficou fora da corrida aos Óscares e foi ignorado nas listas de melhores de 2022 e nas nomeações para prémios das associações de críticos e dos sindicatos de Hollywood, além dos Globos de Ouro.

A super produção da Apple TV+ inspira-se na história verídica de Peter, um homem negro que enfrentou enormes obstáculos durante a Guerra Civil Americana (1861-65) para escapar da escravatura e se tornou um símbolo dos seus horrores após uma fotografia das suas costas nuas, com cicatrizes atrozes das chicotadas em plantações de algodão, ter chegado a todo o mundo.

Desde os primeiros visionamentos privados em dezembro de 2021 que se falava que seria um forte candidato aos Óscares de 2023, um ano após a Apple TV+ ter obtido uma vitória histórica com "CODA"; houve mesmo quem apostasse que Will Smith seria o primeiro a ganhar dois Óscares de Melhor Ator consecutivos desde Tom Hanks em 1995.

A campanha caiu quando o ator subiu ao palco nos Óscares e deu uma bofetada ao apresentador e comediante Chris Rock após este ter feito uma piada sobre o cabelo rapado da sua esposa, sem saber que ela sofria de alopecia.

Apesar de ter voltado a subir ao palco 40 minutos depois para receber a estatueta pelo filme "King Richard", as repercussões nos dias seguintes levaram-no a renunciar à Academia, que também o baniu de comparecer a todos os seus eventos durante dez anos.

Will Smith resguardou-se dos olhares do público, com exceção dos pedidos de desculpa em dois comunicados escritos e num vídeo de quase seis minutos nas suas redes sociais no final de julho.

Quando a Apple TV+ decidiu lançar "Emancipação" ainda em 2022 e não no ano a seguir, como chegou a ser noticiado para se afastar mais do escândalo, uma nova campanha foi montada, com Will Smith a comparecer em visionamentos de acesso reservado organizados com organizações cívicas e a dar entrevistas onde voltou a pedir desculpas pelo seu comportamento.

Mas os consensos que saíram dos visionamentos privados contrastaram com as opiniões mais polarizadas dos críticos de cinema, que colocaram em causa o argumento e a forma como abordava os acontecimentos históricos.

Após um dos produtores ter sido obrigado a pedir desculpas por ter levado e exibido a fotografia do escravo com as cicatrizes nas costas na passadeira vermelha da antestreia a 30 de novembro, que gerou acusações generalizadas de mau gosto, e a ausência nas listas dos melhores do ano que começaram a sair pela mesma altura, "Emancipação", apesar das audiências promovidas pela Apple TV+, acabou por cair no esquecimento da temporada.

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