"Westworld" é um dos grandes acontecimentos da 'rentrée' televisiva e as ambições do canal que a produz, a HBO, não são pequenas: o objetivo é que se torne uma das suas bandeiras, como acontece com "A Guerra dos Tronos".

Anthony Hopkins, Ed Harris, Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright e Rodrigo Santoro são alguns dos rostos dos 10 episódios da primeira temporada, mas as atenções estão na equipa criativa: Jonathan Nolan, que co-escreveu vários filmes com o irmão Christopher Nolan e criou a série "Sob Suspeita", e a sua esposa, Lisa Joy, produtora e argumentista de "Espião Fora de Jogo". E na produção executiva está um certo J.J. Abrams.

O investimento e a aposta têm uma razão de ser: trata-se de uma nova versão de um filme de culto de 1973, conhecido em Portugal como "O Mundo do Oeste", que com apenas 88 minutos ajudou a abrir caminho para outros que transformaram a indústria do cinema.

Foi a estreia como realizador de Michael Crichton, então com 30 anos e já um escritor conhecido, principalmente por causa de "A Ameaça de Andrómeda" (1969) e "The Terminal Man" (1972).

Aqui, ele não adaptou um livro da sua autoria, mas um argumento original com um conceito fascinante que curiosamente usaria depois para "Parque Jurássico", publicado em 1990: um parque temático revolucionário em que algo corria terrivelmente mal.

Até que uma decadente MGM aceitasse fazê-lo por menos de um milhão de dólares (posteriormente aceitou que se gastassem mais 250 mil), o projeto foi recusado por quase todos os estúdios de Hollywood e percebe-se porquê: era um 'western' completamente novo cuja história tinha lugar em 1983, no complexo Delos, um parque futurista semelhante aos da Disney com três simulações onde, por mil dólares por dia, adultos podiam viver as suas fantasias violentas: 'Medieval World' [Mundo Medieval]. 'Roman World' [Mundo Romano] e 'West World' [Mundo do Oeste].

Cada mundo era povoado por andróides em tudo semelhantes aos humanos e programados com uma função específica. E 'nada podia correr mal', garantem os cientistas de Delos. Até que uma avaria — uma espécie de vírus informático —, fazia os andróides ficarem fora de controlo, virando-se contra os visitantes.

Um deles era o lacónico e assustador 'Gunslinger', programado para provocar e perder duelos, mas que passava a perseguir de forma implacável, parecendo indestrutível, dois homens de negócios de férias, representados por Richard Benjamin e James Brolin.

Aqui revelou-se determinante o simbolismo representado pelo ator escolhido: Yul Brynner, em homenagem direta, ao ponto do guarda-roupa, ao seu pistoleiro de "Os Sete Magníficos" (1960). O impacto foi tal que inspirou por exemplo John Carpenter para criar Michael Myers para "O Regresso do Mal" (1978) e a interpretação de Arnold Schwarzenegger em "O Exterminador Implacável" (1984).

"O Mundo do Oeste" foi a primeira produção a usar imagens criadas por computador para mostrar o ponto de vista do Gunslinger e estava muito à frente do seu tempo na exploração de temas como a realidade virtual, a inteligência artificial, a dependência da tecnologia ou a cultura dos videojogos.

A mistura revelou-se irresistível e o filme tornou-se um grande êxito de bilheteira, que originou uma sequela fraca em 1976, "Futureworld" ("Fuga do Espaço"), com Peter Fonda e Blythe Danner, sem qualquer envolvimento de Michael Crichton, ao contrário de uma série que criou em 1980, "Beyond Westworld", cancelada ao fim de três episódios, ficando dois por exibir.

A partir de meados dos anos 90, Hollywood tentou refazer o filme do culto, mas a tentativa mais consistente, envolvendo Arnold Schwarzenegger, perdeu-se quando este se tornou governador da Califórnia. Até que J.J. Abrams, Jonathan Nolan e Lisa Joy foram bater à porta da HBO no verão de 2013...

A série "Westworld" estreia no canal TVSéries na madrugada de domingo para segunda-feira às duas da manhã e repete na noite de segunda-feira.

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