Nanni Moretti, apelidado no seu país de "Woody Allen romano", apresenta "Tre Piani", duas décadas depois de ser coroado em Cannes por "O Quarto do Filho".

A estreia do seu filme coincide com a final do Euro, que será disputada por Itália e Inglaterra.

"Quando decidi trabalhar há quatro anos em 'Tre Piani' havia algo que eu já sabia, que no domingo, 11 de julho de 2021, a Itália estaria presente em três níveis": "o primeiro, no ténis, com a final de (Matteo) Berrettini em Wimbledon", o segundo com Moretti em Cannes e o terceiro em "Wembley, com a final do Euro, boa sorte a todos!", brincou o realizador.

Com um cinema tão pessoal como político, o italiano está entre os grandes nomes do cinema europeu e foi nomeado seis vezes em Cannes.

Como muitos dos filmes apresentados este ano, "Tre Piani" é baseado num romance. Neste caso, é a obra homónima do escritor israelita Eshkol Nevo, um olhar sobre a sociedade do seu país através dos inquilinos de prédio em Telavive.

Tre Piani

Moretti, de 67 anos, mudou a trama para Roma e, como de costume na sua filmografia, aparece num dos papéis, como magistrado.

Dois outros filmes que concorrem ao prémio principal são apresentados este domingo: o japonês "Drive My Car", adaptação de uma peça de Haruki Murakami assinada por Ryusuke Hamaguchi, e "Bergman Island", uma coprodução mexicana da francesa Mia Hansen-Love, protagonizada por Tim Roth.

Embora a competição entre hoje na sua semana decisiva, ainda não foi exibida metade dos 24 filmes da disputa.

Wes Anderson, com "The French Dispatch" e o seu elenco de luxo - Bill Murray, Adrien Brody, Tilda Swinton, Benicio del Toro -t, chega a Cannes na segunda-feira.

Dois outros vencedores da Palma de Ouro, o francês Jacques Audiard e o tailandês Apichatpong Weerasethakul, assim como o iraniano Asghar Farhadi e o russo Kirill Serebrennikov, também vão apresentar os seus filmes na próxima semana.

Até agora, os críticos foram especialmente conquistados por "Annette", o musical explosivo e excêntrico do francês Leos Carax, protagonizado por Adam Driver e Marion Cotillard, que abriu o Festival.

Mas "Benedetta", do holandês Paul Verhoeven, um cocktail de religião e lesbianismo ambientado na Itália do século XVII, vem logo atrás.

Trailer

A competição marca o regresso do cinema mundial ao grande ecrã, depois de a pandemia ter fechado os cinemas e cancelado festivais em todo o mundo, com algumas exceções como o Festival de Veneza e San Sebastián.

Por isso, Cannes incluiu filmes rodados antes e durante a crise de saúde e alguns têm como factor comum personagens prisioneiras do seu próprio tormento, como Adam Driver em "Annette", o israelita Avshalom Pollak, em "Ahed's Knee", e a norueguesa Renate Reinsve, atriz revelação pelo seu papel em "The Worst Person in the World".

As mulheres também ocupam lugar de destaque, seja com temas sobre o aborto, como no chadiano "Lingui", ou o amor entre elas, como em "Benedetta", o francês "La fracture" e o finlandês "Compartment no.6".

A Palma de Ouro será concedida a 17 de julho pelo júri presidido por Spike Lee, que prometeu "não ser um ditador".

"Prometi aos jurados que não seria um ditador, que seria democrático... mas até certo ponto, porque se o júri estiver dividido quatro contra quatro, sou eu quem decide!", declarou o norte-americano entre risos.

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