O grupo americano de telecomunicações AT&T anunciou esta segunda-feira (17) a fusão da sua filial WarnerMedia, proprietária da CNN e HBO, com o grupo Discovery, o que vai criar um gigante para competir com as plataformas de streaming Netflix e Disney+.

Quando o acordo for concretizado em 2022, a AT&T receberá 43 mil milhões de dólares e os seus acionistas terão 71% da nova empresa, enquanto os acionistas do grupo Discovery terão 29%.

Num comunicado conjunto, a fusão foi descrita como a criação de "um dos maiores players globais do streaming".

O acordo combina "o entretenimento premium e os produtos desportivos e noticiosos da WarnerMedia com a liderança da Discovery em entretenimento internacional e de não ficção, assim como com os seus negócios desportivos, para criar uma empresa global de entretenimento líder e autónoma", afirma o comunicado.

A fusão criará um concorrente para os líderes de mercado, Netflix e Disney+, que registaram um aumento do número de subscritores durante a pandemia.

A desaceleração no crescimento da plataforma de transmissão on-line da Disney no primeiro trimestre gerou, no entanto, preocupação dos investidores, e as ações do grupo registaram uma queda na semana passada.

O nome da nova entidade será revelado "nos próximos dias ou na próxima semana", disse David Zaslav, atual presidente da Discovery, que comandará a nova empresa, em entrevista ao canal norte-americano CNBC.

O negócio foi inicialmente bem recebido na bolsa, mas depois deu lugar a algum ceticismo: a AT&T, abandonando assim a sua ambição de se tornar um grande nome do entretenimento, acabou caindo 2,6% e a Discovery 5%.

A AT&T comprou a Time Warner em 2018, rebatizando-a como WarnerMedia. É proprietária da HBO, dos estúdios Warner Bros e de canais por cabo como a CNN.

A Discovery tem canais em mais de 200 países, segundo o "site" da empresa.

Novo modelo

Diante de um novo modelo económico, sem publicidade e com subscrições mensais, diversos grupos buscam fortalecer a sua oferta para se manterem num mercado tão competitivo como o de entretenimento nos Estados Unidos.

A AT&T, a primeira operadora de cabo nos Estados Unidos e segunda operadora móvel, lançou em 2020 a sua própria plataforma de streaming HBO MAX, e a Discovery, a sua, Discovery+, no início do ano.

"A nova empresa poderá investir mais em conteúdos originais para os seus serviços de streaming, melhorar as opções de programação dos seus canais de televisão paga [...] e oferecer mais experiências inovadoras em vídeo, assim como mais opções aos telespectadores", destacaram os dois grupos, no comunicado divulgado na segunda-feira.

No final de 2020, a HBO MAX contava com 61 milhões de subscritores, e a Discovery+, 15 milhões, no final de abril. Já a Netflix tinha 204 milhões, e as plataformas Disney (Disney+, ESPN+, Hulu), 146 milhões.

O faturamento previsto para a nova gigante é de cerca de 52 mil milhões de dólares até 2023. O projeto de fusão prevê economia por sinergias de cerca de 3 mil milhões de dólares por ano.

Para Richard Greenfield, analista da Lightshed Partners, "no ambiente atual, é preciso ter um tamanho suficiente num mercado específico para ser, ao mesmo tempo, suficientemente grande e suficientemente ágil para se adaptar às mudanças tecnológicas e conseguir um espaço significativo numa paisagem dominada pelas plataformas", conforme a publicação de um blogue.

A ideia de que grupos de telecomunicações poderiam criar conteúdos mais inovadores para 5G ou outra media de distribuição comprando grupos de media era "questionável desde o início", disse Aija Leiponen, especialista na indústria de telecomunicações da Universidade Cornell.

"Agora está claro que qualquer inovação proposta não convenceu os clientes ou simplesmente não houve nenhuma inovação revolucionária", acrescentou.

No final de 2020, a AT&T já vendera a plataforma de streaming especializada em séries de animação japonesas Crunchyroll à Sony e anunciado, em fevereiro, que cedia parte da DirectTV à firma de investimentos TPG.

A fusão com a Discovery permitirá que a AT&T, com uma dívida de 169 mil milhões de dólares no final de março, devido, principalmente, a inúmeras aquisições de media, fortaleça um pouco as suas finanças.

Além das autorizações das autoridades reguladoras, a transação deve ser submetida aos acionistas do Discovery para aprovação, mas não requer qualquer voto dos acionistas da AT&T.