As declarações foram feitas na 14ª edição do Festival Lumière, em Lyon, onde o cineasta se deslocou para receber o prémio Lumière.

Numa conversa com a imprensa, Tim Burton disse que os estúdios Disney, onde o cineasta começou a sua carreira no início da década de 1980, estão cada vez mais focados nas sagas da Marvel e de “Star Wars” ou nas animações da Pixar.

“Tornou-se tudo muito homogeneizado, muito consolidado. Há menos espaço para tipos de coisas diferentes”, sublinhou.

Quanto à possibilidade de alguma vez realizar um filme da Marvel, o realizador de “Batman” e “Batman Regressa” afirmou que “eu só consigo lidar com um universo. Não consigo lidar com um multiverso”.

Burton fez parte da geração de alunos da universidade CalArts que englobou nomes como John Lasseter, Brad Bird ou Henry Selick, e com eles começou carreira na Disney na viragem para os anos 80. Aí fez curtas como “Vincent” e “Frankenweenie”, regressando ao estúdio várias vezes mais tarde, como produtor de “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e realizador de filmes como “Ed Wood” (1994), “Alice no País das Maravilhas (2010), “Frankenweenie” (2012) e “Dumbo” (2019).

Foi este último que deu origem à reflexão de Burton sobre o estúdio do Rato Mickey: “A minha história é que eu comecei lá. Eu fui contratado e despedido várias vezes ao longo da minha carreira por eles. O que acontece com “Dumbo” é que é por causa desse filme que acho que os meus dias com a Disney terminaram. Percebi que eu era o Dumbo, que estava a trabalhar naquele circo grande e horrível e que precisava de fugir. O filme é muito autobiográfico, a um determinado nível”, rematou.

Entre os recipientes anteriores do Prémio Lumière contam-se nomes como Martin Scorsese, Clint Eastwood, Quentin Tarantino, Jane Fonda e Jane Campion.