A época oficial de verão cinematográfico arrancou nos Estados Unidos (como é da praxe, no «Memorial Weekend», o fim de semana prolongado de maio) com «Tomorrowland - Terra do Amanhã»,que sabe plenamente à temporada e às fantasias dos anos 1980 e 1990 da Amblin, a produtora de Steven Spielberg.

Entrar neste mundo é viajar pelas imagens e a imaginação sem limites, com uma narrativa cheia de ressonância sobre um mundo sem esperança que tem a tábua de salvação naqueles que acreditam que podem ir mais além com o seu talento.

«Tomorrowland - Terra do Amanhã» é inspirador e tem os seus alicerces numa ideia de um dos maiores criadores e sonhadores do século XX: Walt Disney germinou nos anos 1960 o EPCOT center, uma vasta atração no seu parque temático da Flórida que serviu de inspiração e rampa de lançamento para este projeto. No fundo era um espaço aberto a todo o tipo de experimentações para a criação de uma cidade do futuro capaz de gerar todo o tipo de soluções sustentáveis e harmoniosas para o mundo.

O co-argumentista Damon Lindelof, um dos criadores de «Perdidos», traz à baila as dimensões paralelas num argumento perspicaz e sofisticado com um equilíbrio perfeito entre o espírito da aventura e a dimensão dos personagens. Brad Bird («The Incredibles - Os Super Heróis»), realiza e também assina o argumento, trazendo para a imagem real o fulgor da animação, com a sua câmara flutuante sobre os belíssimos cenários da Terra do Amanhã ou em sequências de ação dignas de uma animação da Pixar.

O elenco é liderado de forma simpática por George Clooney, mas são duas jovens, Britt Robertson e Raffey Cassidy que roubam o show com presenças cativantes e interpretações que nos fazem acreditar no sonho.

A história relata o cruzamento entre duas mentes para concretizar um sonho impossível e salvar um mundo sem esperança. O espectador pode esperar uma caixinha de surpresas com sociedades secretas, uma dimensão paralela, robots e afins para compor uma montanha russa de entretenimento com o selo de qualidade Disney.

No centro narrativo está uma ternurenta história de amor e esperança num futuro melhor, numa história onde, para além da diversão, aponta o dedo, o que poderá ser considerado em alguns círculos como panfletário. Todavia, não vem nenhum mal ao mundo a consciencialização para o poder manipulador dos media, a vertigem das populações pelos cataclismos e o alerta para as causas globais enquanto se entretém o grande público.

«Tomorrowland - Terra do Amanhã» é um «blockbuster» inovador e inteligente com uma mensagem de otimismo que relembra que o futuro está nas mãos dos sonhadores.

JORGE PINTO

REVISTA METROPOLIS