Sempre que dá entrevistas, Tom Hanks sabe que pode ter de falar de uma mão cheia de filmes da sua carreira: além de "Filadélfia" (1993) e "Forrest Gump" (1994), que lhe valeram os dois Óscares de Melhor Ator, a lista provável inclui "Solteiros e Tarados" (1984), "Splash, a Sereia" (1984), "Big" (1988), "Amigos e Detectives" (1989), "Liga de Mulheres" (1992), "Sintonia de Amor" (1993), "Toy Story" (1995 a 2019), "Apollo 13" (1995), "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), "O Náufrago" (2000), "O Código Da Vinci" (2006) ou "Capitão Phillips" (2013).

Mas para sua confusão, há um filme que nunca surge na "conversa".

"Por uma razão ou por outra, ninguém menciona 'Caminho para Perdição' e esse foi um filme incrivelmente importante em que me envolvi", disse o ator recentemente no 'podcast' ReelBlend (via jornal The Independent).

Naquele que era o primeiro filme de Sam Mendes desde que ganhou os Óscares com "Beleza Americana" e uma das primeiras e mais bem-sucedidas transposições da bandas desenhadas para o cinema, Hanks tinha um raro papel de vilão como Michael Sullivan, um gangster nos anos 1930 conhecido como Anjo da Morte, mas também um dedicado chefe de família até que os dois mundos colidiam, culminando numa tragédia.

Além do último papel no cinema de Paul Newman, que foi nomeado para os Óscares, destacavam-se Jude Law e Daniel Craig (na fase pré-007), todos com personagens pouco simpáticas, e como filho de Tom Hanks um muito jovem Tyler Hoechlin ("Sétimo Céu", "Teen Wolf", "Superman & Lois") , além do trabalho de fotografia do lendário Conrad L. Hall e a banda sonora de Thomas Newman.

Tom Hanks resume: "Era filmado pelo Conrad Hall e entro eu, Dom Bigode com um chapéu, mas também dois tipos que se tornaram duas das maiores presenças no cinema na história da indústria, com o Jude Law e o Danny Craig. E eu matei ambos".

Apesar do esquecimento, o ator tem esperança que as pessoas um dia o venham a descobrir: "As pessoas sempre dizem: 'Sobre que filmes as pessoas vão estar a falar daqui a alguns anos?'. Como um tipo que vê muito o canal Turner Classic Movies [de filmes americanos clássicos], quanto mais obscuro e desconhecido for um filme dos anos 1940 e 1950 melhor, porque não tenho noções preconcebidas sobre ele; não sei nada sobre ele. Quando se vê esses filmes e é delicioso e incrivelmente comovente, tudo que consigo pensar é: 'Estou tão feliz que este filme dure para sempre, porque agora tive a oportunidade de revisitá-lo. Pode ser esse o caso de 'Caminho para Perdição'".