António Caetano, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e do Audiovisual (SINTTAV), afirmou hoje à Lusa que o processamento dos salários de novembro e dezembro e do subsídio de natal, todos em atraso, só foi concluído hoje com o pagamento completo aos 53 trabalhadores.

A administração da Tobis, que se encontra demissionária, garantiu na semana passada que o pagamento dos salários e subsídios aconteceria na segunda-feira, depois do governo ter desbloqueado a verba, cerca de 321 mil euros. O pagamento acontece nas vésperas da assembleia-geral de acionistas da empresa, marcada para sexta-feira.

Apesar dos salários estarem regularizados, os trabalhadores continuam apreensivos com a situação da empresa, uma vez que poderá ser decidida a dissolução da Tobis.

Contactado pela agência Lusa, o produtor
Paulo Trancoso, presidente da assembleia-geral da Tobis, disse que «a situação tem que ficar esclarecida» na sexta-feira.

No entanto, sublinhou não ter qualquer conhecimento da posição do Estado em relação Tobis, onde é o acionista maioritário.

«A assembleia agendada para dia 06 de janeiro tem três pontos na ordem de trabalhos, sendo um deles o da dissolução da empresa e outro o da eleição de uma comissão liquidatária, pelo que se confirmam assim as nossas suspeitas», indicou o sindicalista anteriormente à Lusa. «A ordem de trabalhos é para dissolver a empresa se a venda da Tobis não se concretizar», disse António Caetano.

Em dezembro, o passivo da empresa ultrapassava os oito milhões de euros. Em junho de 2010, no Parlamento, o diretor do Instituto do Cinema e Audiovisual,
José Pedro Ribeiro, revelou que o Estado queria alienar a sua participação social na empresa, mas que ainda assim ela tinha viabilidade.

O diretor do ICA apontou vários fatores para a atual situação de crise financeira na Tobis, entre os quais o incumprimento do pagamento de dívidas dos produtores de cinema que procuram os serviços da empresa e a inadaptação à mudança de utilização da película para digital.

Apesar da situação ser «difícil, preocupante e complicada», José Pedro Ribeiro considerou na altura que a Tobis tinha «viabilidade». «É uma empresa que tem património que lhe permite reestruturar-se e encontrar o seu lugar no mercado», disse, acrescentando: «Conheço o mercado e reconheço que há potencialidades», disse.

A Tobis foi fundada há 80 anos.

@Lusa