O musical de João Nicolau foi distinguido, entre 18 títulos, com o Grande Prémio do Júri no Festival de Sevilha, que decorreu entre 8 e 16 de novembro na cidade da Andaluzia. O filme acrescentou assim mais feito ao seu já assinalável currículo internacional. “Technoboss” está em cartaz nas salas portuguesas.

Segundo o cineasta, este foi “bom arranque para a difusão do filme. É uma realidade que um certo tipo de cinema só consegue circular desta forma e tem de se pensar sempre numa circulação deste tipo. Quem pensa só em sucesso local, que só quer fazer sucesso comercial em Portugal, pensa mal”, diz.

“Technoboss” estreou em competição em Locarno, esteve na Mostra de São Paulo, na Vienale e foi sessão de encerramento em Valdívia e no Doclisboa. A seguir vai estar em festivais na Coreia e em Marrakesh, para além de, no próximo ano, ter estreias comerciais em França, Brasil e México.

“Odeio Haneke”

O filme narra as pequenas aventuras e desventuras do quotidiano de Luís Rovisco (Miguel Lobo Antunes), um empregado de uma empresa que instala sistemas de vigilância pelo país fora.

João Nicolau recusa que o filme seja sobre velhice, preferindo antes interpretar a narrativa como sendo um sobre o “o que nos acontece quando não temos nada a perder, assim como de estabelecer a resistência como algo individual e quotidiano”.

“Pela elaborada, ingénua e musical doçura do seu tom

Bem humorado e diferente de certos cinemas de autor, Nicolau não esconde que detesta explorações agressivas de temas pesados, como a velhice. Nada de Michael Haneke, por exemplo? “Odeio. Não gosto da comiseração e da exploração de certos filmes. Não é de todo a minha maneira de ver a vida e não o faço”.

Musical

Com um gosto acentuado por romper com o registo realista nos filmes, João Nicolau aventurou-se pelo mais artificial dos géneros, assim como um dos mais abandonados dos formatos clássicos – o musical.

Teve receio de enveredar por este caminho? “Felizmente em Portugal continuam a fazer-se filmes arriscados, sem medo”, diz. “A mim interessava-me sobretudo canções tocadas e cantadas em direto. Assim temos uma constante relação de atração e repúdio com o musical clássico”, observa.

Por outras palavras, em “Technoboss” as canções irrompem de forma orgânica pelo ecrã. Ao contrário do que acontecia nos clássicos, a ação não é interrompida para os personagens cantarem e dançarem, antes continua a avançar. E João Nicolau aprecia os clássicos? “Sim, certamente. Gosto especialmente de Minelli e deste período, mais do que as releituras de Demy no período seguinte”.

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