Os cineastas Denis Villeneuve ("Dune") e Paul Thomas Anderson ("Haverá Sangue") estão maravilhados com a dimensão do sucesso comercial de "Oppenheimer", que apesar do tema e três horas de duração, levou públicos de todas as idades às salas, aumentou ainda mais o entusiasmo pelo IMAX e até muitos a preferirem as cópias em película em vez de digital,

Há dois meses e meio que está nos cinemas o épico biográfico em registo de 'thriller' de Christopher Nolan sobre J. Robert Oppenheimer e a criação da bomba atómica, e as receitas de bilheteira a nível mundial estão perto dos 934 milhões de dólares (889 milhões de euros, à cotação do dia].

É o terceiro filme mais rentável de Nolan, atrás apenas das duas sequelas "O Cavaleiro das Trevas", o maior sucesso no género das biografias, ultrapassando "Bohemian Rhapsody" e o terceiro maior sucesso do ano, atrás de "Barbie" (lançado no mesmo dia e a outra metade do fenómeno cultural "Barbenheimer) e "Super Mario Bros - O Filme".

Denis Villeneuve teve acesso a um visionamento antecipado e sabia que tinha acabado de ver "uma obra-prima" e até chegou a prever que seria um grande sucesso, mas disse recentemente à Associated Press que "onde está agora arrasou a minha projeção. É um filme de três horas sobre pessoas a falar sobre física nuclear".

Denis Villeneuve

O realizador aprecia muito que um quinto das receitas venham das salas IMAX e da exibição nos grandes formatos como 70mm, que diz serem o futuro do cinema: "O público quer ver algo que não pode ter em casa, que não pode ter em streaming. Quer ter a experiência de um acontecimento".

"Na cabeça de algumas pessoas, existe a noção de que os filmes se tornaram conteúdo em vez de uma forma de arte. Detesto essa palavra, ‘conteúdo’. O facto de filmes como ‘Oppenheimer’ serem lançados no grande ecrã e tornarem-se um evento traz de volta a ideia de que é uma tremenda forma de arte que precisa ser vivida nos cinemas", reforçou.

Paul Thomas Anderson

Já Paul Thomas Anderson destacou que "quando um cineasta tão forte como o Chris nos aponta um dedo e diz para onde ir, ouvimos... e os espectadores foram recompensados por isso. Sei de cinéfilos que foram de carro de El Paso a Dallas [Texas] para ver o filme como deve ser. Ao todo, trata-se de uma viagem de 18 horas".

"Oppenheimer" foi rodado em película e vários ecrãs exibiram cópias nesse formato em 70mm: "Não acho que exista alguém que possa discordar – ver ‘Oppenheimer’ em filme é superior em todos os aspetos. Sem dizer que as pessoas estão cansadas de perguntar: ‘Por que iria eu ao cinema ver televisão?' Boa pergunta... não é preciso voltar a fazê-lo".

O facto de as receitas das sessões em filme em alguns cinemas ultrapassarem as das sessões digitais é, defende, "a forma da Natureza de curar": ele, tal como Nolan, Martin Scorsese e Quentin Tarantino, estão entre os que mais lamentam a transição para a rodagem e a projeção digital.