Steven Spielberg teve palavras duras para algumas decisões tomadas em Hollywood durante a pior fase da pandemia, especificamente a de não estrear os filmes nas salas de cinema.

Da Universal à Disney, vários estúdios lançaram filmes diretamente em streaming ou, em alguns casos, em simultâneo com a estreia nas salas, mas Spielberg destaca especificamente a decisão da Warner Bros. de lançar todos os seus filmes de 2021 na HBO Max, nomeadamente "O Esquadrão Suicida", "Duna - Parte 1" e "The Matrix Revolutions".

"A pandemia criou a oportunidade para as plataformas de streaming aumentarem as suas subscrições para níveis recorde e também para atropelar alguns dos meus melhores amigos cineastas, já que, sem qualquer cerimónia, os seus filmes não tiveram estreia nas salas", disse numa entrevista ao jornal The New York Times (citada pela Variety).

"Eles foram pagos e os filmes foram subitamente relegados, neste caso, para a HBO Max. O caso de que estou a falar. E então tudo começou a mudar", esclareceu.

"Penso que o público mais velho ficou aliviado por não ter de pisar em pipocas pegajosas. Mas acredito realmente que esse mesmo público mais velho, quando entrar numa sala, a magia de estar numa situação social com um grupo de estranhos é um tónico", defendeu.

"Cabe aos filmes serem suficientemente bons para fazer com que todos os públicos digam isso uns aos outros quando acenderem as luzes [da sala]", notou o cineasta.

Spielberg destacou "Elvis", de Baz Luhrmann, para justificar o seu otimismo em relação ao futuro: "Não há dúvida que as grandes sequelas e filmes da Marvel e DC e Pixar e alguns dos filmes de animação e terror ainda têm um lugar na sociedade [...] Acho encorajador que 'Elvis' tenha passado os 100 milhões de dólares nas bilheteiras a nível doméstico [EUA]. Muito público mais velho foi ver esse filme e isso deu-me esperança que as pessoas estavam a começar a voltar ao cinema à medida que a pandemia se tornava endémica. Acho que os filmes vão voltar. Acho mesmo".

"Elvis"

Apesar da defesa da experiência nas salas de cinema, o realizador reconheceu na esntrevista estar mais aberto à possibilidade de lançar filmes apenas em streaming, recordando um que fez em 2017 com Meryl Streep e Tom Hanks.

"Fiz o ‘The Post’ como uma declaração política sobre os nossos tempos, refletindo o governo [do presidente dos EUA Richard] Nixon, e achámos que era uma reflexão importante para muitas pessoas entenderem o que estava a acontecer com o nosso país. Se me tivessem dado esse argumento pós-pandemia, não sei se não teria preferido ter feito esse filme para a Apple ou Netflix e chegar a milhões de pessoas. Porque o filme tinha algo a dizer a milhões de pessoas e nós nunca conseguiríamos colocar esses milhões de pessoas em cinemas suficientes para fazer esse tipo de diferença", explicou.

"As coisas mudaram o suficiente para para eu dizer isto", concluiu.

"Os Fabelmans", o novo filme do realizador, chega aos cinemas portugueses a 22 de dezembro.

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