A longa-metragem sueca «Something Must Break», de Ester Martin Bergsmark, venceu o 18.º Festival Queer Lisboa, «pela sua desafiante originalidade e visão pungente», segundo a avaliação do júri. O prémio no valor de mil euros, distingue «um filme eminentemente físico que mexe com os nossos sentidos de forma inesperada», segundo o júri que atesta que «é um filme do qual quase sentimos o sabor e o cheiro».

Nesta mesma categoria, o júri, composto por Lene Thomsen Andino, Manuel Mozos e Michael Blyth, decidiu atribuir uma Menção Honrosa a «Atlántida», de Inés María Barrionuevo, uma coprodução argentino-francesa, «pela sua subtil e aliciante evocação da juventude», segundo o júri que afirma ainda tratar-se de «uma obra sustentada em muito mais que as palavras para dar vida às suas personagens, criando sentido através da sua sofisticada linguagem visual e abordagem narrativa não convencional».

O Prémio do Público da Competição de Longas-Metragens, foi para «Rosie», de Marcel Gisler, uma produção germano-helvética de 2013.

«Em lugar de premiar um ator e uma atriz, o júri realçou três interpretações que sentiram habitarem plenamente as suas personagens, independentemente do género sexual», afirma em comunicado a organização.

O Prémio de Menção para Melhor Interpretação foi para Saga Becker, pelo seu desempenho em «Something Must Break», «pela sua honesta e reveladora interpretação, e ao mesmo tempo emotiva e física», afirma o júri acrescentando que «este é um trabalho de ator que conhece plenamente o material com que trabalha».

Receberam também este galardão Kostas Nikouli, pelo papel em «Xenia», de Panos H. Koutras, produção tripartida da Grécia, Bélgica e França, e Angelique Litzenburger, pelo desempenho em «Party Girl», de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, da França.

O Prémio Melhor Documentário foi para «Julia», produção germano-lituana de 2013, numa realização de J. Jackie Baier, e nesta categoria o Prémio do Público foi para «São Paulo em Hi-Fi», (2013), de Lufe Steffen.

O filme «Júlia» foi escolhido pelo júri «pela sua aliciante análise de uma personagem à margem da sociedade, sem qualquer julgamento moral», salientando ainda, «a coerência estrutural das imagens recolhidas por um período de dez anos». «O filme está magnificamente editado e é estilisticamente inovador», afirma o júri.

O Prémio para a Melhor Curta-Metragem foi para «Mondial 2010», produção libanesa de 2014, realizada por Roy Dib. «A decisão do júri em premiar «Mondial 2010» foi fácil, o filme de Roy Dib parece simples, até improvisado, mas revela uma rica sensibilidade cinematográfica que explora poderosamente diferentes noções de assimilação, intimidade e abertura. Expressa calorosamente o carácter dos seus protagonistas embora eles nunca sejam vistos. Invoca uma necessária ocultação e a repressão, ao mesmo tempo em que regista uma relação amorosa», afirma a organização em comunicado.

O Público distinguiu nesta categoria «Cigano», produção portuguesa de 2013, realizada por David Bonneville.

O júri atribuiu o Prémio de Melhor Curta-Metragem Portuguesa a «Frei Luís de Sousa» (2014), de SillySeason. Segundo o júri o filme português é «um texto de época, uma memória coletiva, a liberdade de amar contra as convenções estabelecidas. Paixão, carne, corpo, espera, angústia, repetição. Espera, angústia, repetição. Um jogo em que o espetador volta sempre à casa de partida».

O 18.º Festival Internacional Queer Lisboa decorreu no Cinema S. Jorge, tendo exibido 135 filmes de 38 países, segundo dados da organização. Em 2015, o Festival decorrerá de 18 a 26 de setembro.