Harvey Weinstein, o ex-produtor de cinema americano de 70 anos, costumava ser assíduo espectador do Festival de Cinema de Nova Iorque, que encerra a sua 60ª edição esta sexta-feira. Em 2020, ele foi condenado a 23 anos de prisão por violação e agressões sexuais por um tribunal de Nova Iorque, e desde segunda-feira que está novamente sentado no banco dos réus em Los Angeles, onde responde a outras acusações.

A atriz e militante feminista Ashley Judd, umas das primeiras a denunciar que foi vítima de assédio sexual por parte de Weinstein, foi ovacionada pelo público numa das salas do Lincoln Center.

No filme de Maria Schrader, Judd interpreta o seu próprio papel, o de uma atriz que se recusou a cair na chantagem do produtor e pagou o preço durante a sua carreira, até decidir falar.

"É muito importante ter a nossa verdade e ter a consciência tranquila sobre a nossa história", disse, antes de prestar homenagens às suas "irmãs", as outras vítimas de Weinstein presentes na exibição.

Dupla

A 5 de outubro de 2017, após meses de trabalho, a reportagem de Jodi Kantor e Megan Twohey foi publicada pelo The New York Times e rompeu o silêncio das mulheres, inciando o movimento contra a violência sexual #MeToo, que foi além do cinema.

"She Said", adaptado do livro homónimo das duas jornalistas premiadas com o Pulitzer, não se preocupa em absoluto com as repercussões da sua investigação.

Ao estilo de "Os Homens do Presidente" (1976) sobre o escândalo do Watergate, e de "O Caso Spotlight", sobre casos de pedofilia na Igreja Católica, este filme é um reconhecimento ao trabalho paciente e sagaz das jornalistas investigativas.

Cerca de meio século depois de a dupla do The Washington Post ter sido representada por Robert Redford e Dustin Hoffman ("Os Homens do Presidente"), duas jornalistas e mães confrontam poderosos com a ajuda essencial da editora Rebecca Corbett e o apoio incondicional do chefe de redação Dean Baquet.

"Uma das razões pelas quais nos sentimos tão honradas com este filme é que resume nosso ideal de jornalismo", explicou Jodi Kantor após a projeção. "Há muito tempo que somos jornalistas, mas o caso Weinstein, de alguma formas destaca tudo aquilo em que acreditamos", acrescentou.

A dupla é interpretada por Zoe Kazan, que veste a pele de Kantor, e Carey Mulligan, que representa Twohey.

Com uma cenografia e guião sóbrios e música de Nicholas Britell, "She Said" é uma história intensa até ao embate final entre o The New York Times e Harvey Weinstein e os seus advogados, no momento da publicação da reportagem.

A longa-metragem é distribuída pela Universal Pictures e tem Brad Pitt entre os seus produtores. Poderá ser vista nos cinemas dos Estados Unidos a partir de 18 de novembro e de seguida na Europa.

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