A
realizadora, de 49 anos, adaptou para cinema um conto do escritor francês Jules Barbey D'Aurevilly, de 1874, concretizando assim um projeto com pelo menos 14 anos, disse à Agência Lusa.

«Eu andava à procura de uma história que se enquadrasse com a ideia do «não desistir» e, em conversas com João Bénard da Costa [antigo diretor da Cinemateca], ele passou-me vários livros, entre eles o de Barbey D'Aurevilly», explicou Rita Azevedo Gomes.

«A Vingança de uma Mulher», protagonizado por
Rita Durão e Fernando Rodrigues, é um filme sobre solidão, moralidade e crime no século XIX, com uma aristocrata que revelará a um homem que se prostitui.

Rita Azevedo Gomes rodou o filme de época nos estúdios da Tobis, recorrendo a cenários, a uma quase encenação de luz, de movimento e ainda a um narrador presente em cena, elementos pouco comuns no atual cinema português.

«Quando li este conto sabia que daria um filme especial e sabia que tinha que ser um filme de estúdio. Eu sabia que o filme não é «mainstream» e que não tem características comuns», explicou.

A realizadora andou uma década a tentar um apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual, com produtores e sem produtores. «Foi uma luta pelo dinheiro. Neste caso, o mais complicado mesmo é não desistir».

Rita Azevedo Gomes fez cerca de uma dezena de filmes, desde o começo dos anos 1990, quando estreou «O Som da Terra a Tremer». O percurso foi quase sempre discreto e com dificuldades financeiras.

Por isso, quando se fala agora de crise, de falta de apoios, Rita Azevedo Gomes afirma: «Comigo foi sempre assim, fiz imensos filmes sem um tostão. Sinto que os filmes são arrancados a ferros».

A realizadora, que trabalha há quase vinte anos na Cinemateca, diz que não se revê «na história do cinema português, no meio do cinema».

«Tive um percurso um bocado meu. Não venho da escola de cinema, mas das Belas Artes. No início dos anos 1990 [quando saiu «O Som da Terra a Tremer»] a carreira morreu logo ali. Foi uma agonia. Foi um filme um pouco estranho que não correspondia ao que se fazia na altura», recordou.

No entanto a realizadora parece não fazer cedências no modo como vê o cinema: «Segui o meu caminho, não posso fazer de outra maneira. É como pedirem-me para ser outra, por isso não tenho outro remédio senão acreditar em mim».

«A Vingança de uma Mulher» estrear-se-á em Lisboa, Porto, Braga e Coimbra. Enquanto isso, Rita Azevedo Gomes tem em concurso outro filme: uma adaptação de uma novela do escritor austríaco Robert Musil, assinada por Agustina Bessa-Luís, intitulada «A Portuguesa».

@Lusa