Margarida Gil, a realizadora portuguesa natural da Covilhã, está a ter cinco dos seus mais importantes trabalhos exibidos no Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa (FESTin), que decorre entre 1 e 8 de março no cinema São Jorge, em Lisboa.

Adaptado às comemorações da Lisboa Capital-Ibero Americana da Cultura, a mostra faz parte de uma série de eventos que pretende discutir o papel e a trajetória da mulher no audiovisual.

Independente das suas temáticas, a retrospetiva tem como objetivo um mergulho na história do cinema português, sempre passível de ser esquecido. Um dos filmes mais emblemáticos da cineasta é "Rosa Negra" (1992), produção de António Cunha Telles que, a despeito de ter sido selecionado para o Festival de Locarno, nunca foi devidamente lançado em sala – como lamenta Gil em conversa com o SAPO Mag.

"Rosa Negra é o nome de uma localidade que fica entre a Serra da Estrela e a Covilhã, a cidade onde nasci. Esse local intermédio significa para mim o ponto de vista justo com que tentei observar a cidade, a serra e os personagens. É um retrato social de um lugar belo e violento, marcado por uma hierarquia de casta, tipicamente provinciana”, comenta.

Outro ponto importante na sua carreira foi "O Anjo da Guarda" (1998), a sua terceira longa-metragem, uma dos mais reconhecidas internacionalmente e mais bem-recebidas pela crítica portuguesa.

"É uma vez mais uma viagem pelo interior do país, à procura de um pai desaparecido. O que encontra afinal é outro homem e a sua infância, mas tudo não deixa de ser inquietante. O filme é atravessado pela questão de Timor e a sua estreia coincidiu com a independência", relembra.

Já “Adriana” (2004, na foto) foi o seu maior sucesso de público.

"É um filme que hoje me faz sorrir. Como todos os meus trabalhos, trata-se de uma viagem que é também pelo território íntimo de uma mulher. Esta parábola mostra um país de veredas, percursos fora das autoestradas por um território que se perde no tempo", comenta sobre um dos títulos mais importantes da carreira da atriz Ana Moreira.

A mostra inclui também “Paixão” (2012, em baixo), obra que a realizadora considera o seu trabalho mais radical.

Apenas estreado em três salas, conta a história de uma mulher desesperada que enclausura um homem num prédio para demolição.

"O gesto extremo de violência serve no entanto para tratar a grande ambiguidade entre a dor e o prazer, a dependência amorosa e os seus contornos perversos", salienta Margarida Gil, que destaca particularmente o trabalho dos atores Carloto Cotta e Ana Brandão – “um trabalho difícil e muito intenso”.

Os filmes estarão em exibição no cinema São Jorge nos dias 4 (“Adriana”), 6 (“Rosa Negra”), 7 (“O Anjo da Guarda”) e 8 (“Paixão”).

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