A teoria da evolução em território desconhecido: em "O Reino do Planeta dos Macacos", já nos cinemas portugueses, os humanos perderam a linguagem e os primatas dotados de razão reinam na Terra, com desígnios mais ou menos pacifistas.

Descendente distante do romance do francês Pierre Boulle publicado em 1963, esta nova parte da saga traz o Homem de volta à natureza, reduzido à categoria de espectador indefeso das convulsões do mundo.

Neste futuro indeterminado onde a selva cobriu o que resta das megacidades, os primatas têm o controlo, a palavra e o poder.

Alguns, como Noa, um jovem chimpanzé esmagado por um grave complexo de Édipo, vivem em harmonia no meio da natureza, em construções de madeira que proporcionam ao filme dirigido por Wes Ball (trilogia “Maze Runner”) cenas de impressionante beleza.

Outros têm gosto pela guerra. Liderados pelo gorila sanguinário Proximus Caesar, atacam o clã de Noa para encontrar uma jovem (Freya Allan, de "The Witcher"), uma rara presença humana no filme, que detém as chaves da supremacia militar ao mesmo tempo que é considerada como pertencendo a uma espécie inferior.

Os humanos “são um pouco lentos com esta parte do corpo”, diz um chimpanzé, apontando para o seu cérebro.

Deixado para morrer após um ataque à sua aldeia, Noa empreenderá uma longa viagem para libertar o seu povo, reduzido à escravatura perto de um enorme navio encalhado onde Proximus Caesar instalou o seu quartel-general e os seus sonhos de grandeza.

Proximus Caesar, interpretado por Kevin Durand

Assim como nos episódios recentes da saga, a tecnologia de “captura de movimento” – sensores no corpo e câmara acoplada à parte frontal do crânio – permite que os atores imprimam movimentos e expressões em chimpanzés, orangotangos e outros gorilas, depois reconstruídos digitalmente.

Efeito visual garantido, inclusive para os atores.

“Fiquei arrepiado, as lágrimas começaram a escorrer”, diz Kevin Durand ao descrever à France-Presse à sua reação ao descobrir a seu personagem Proximus Caesar no ecrã.

“Sempre gostei da ideia de desaparecer atrás das minhas personagens e é a primeira vez que tenho a sensação de ter conseguido a 100%”, acrescenta.

Será que, no entanto, esta tecnologia ou a Inteligência Artificial acaba por soar o sinal de morte para atores de carne e osso?

O ator canadiano, de 50 anos, não quer acreditar, mas espera “permanecer útil o tempo suficiente para se tornar um ator muito velho”.

"O Reino do Planeta dos Macacos" ainda junta no elenco Owen Teague (uma das vítimas de Pennywise no filme “IT”), Peter Macon (“No Limite”) e William H. Macy (“Fargo”).

TRAILER.