Poderá Neve Campbell voltar a ser Sidney Prescott, num espetacular regresso à saga "Gritos" após ter batido com a porta por causa de uma disputa salarial?

A atriz responde que não ficaria surpreendida.

A crise instalou-se na produção de um sétimo filme depois de perder as duas atrizes principais e o realizador Christopher Landon, que no final de dezembro anunciou nas redes sociais que "foi um trabalho de sonho que se tornou num pesadelo".

Nesta altura, já Melissa Barrera fora publicamente despedida por partilhas nas redes sociais sobre o conflito Israel-Hamas que o estúdio Spyglass Media disse terem passado "flagrantemente a linha do discurso de ódio” e sabia-se que Jenna Ortega não ia regressar porque alegadamente a agenda não era compatível com a longa rodagem com a segunda temporada da série "Wednesday".

As duas atrizes entraram no quinto "Gritos" em 2022 como as irmãs Sam e Tara Carpenter e sobreviveram ao vilão Ghostface, tornando-se efetivamente as protagonistas da sequela, lançada em 2023.

Nada disto escapou a Neve Campbell.

"Sei que as coisas estão a girar neste momento e imagino que estejam a girar no topo, tentando descobrir o que vão fazer. Não ficaria surpreendida se me contactassem. Mas, ao mesmo tempo, fiz uma declaração forte há alguns anos, em que não acreditava que a forma como fui tratada teria acontecido se fosse um homem e que mereço algo por ter carregado esta saga durante tanto tempo como o fiz", disse a atriz à revista The Hollywood Reporter num evento recente.

A "declaração forte" a que se refere aconteceu em junho de 2022, quando colocou fim a semanas de rumores ao anunciar que não voltaria ao papel de Sidney Prescott no sexto filme.

"Infelizmente, não irei fazer o próximo filme 'Scream'. Como mulher, tive de trabalhar muito duro na minha carreira para estabelecer o meu valor, especialmente quando se trata de 'Gritos'. Senti que a proposta que me foi apresentada não correspondia ao valor que trouxe à franquia. Foi uma decisão muito difícil seguir em frente", dizia numa declaração, tendo o cuidado de separar a disputa salarial e os fãs, que disse adorar e cujo apoio ao longo dos anos agradeceu.

Posteriormente, foi mais esclarecedora sobre o que pesou na sua decisão, dizendo que o dinheiro que lhe foi oferecido não seria o mesmo se ela "fosse um homem e tivesse feito cinco filmes de uma saga de sucesso gigantesca ao longo de 25 anos".

"Na minha alma, sabia que não podia fazer isso. Não podia entrar no 'set' a sentir isso — a sentir-me desvalorizada e a sentir a injustiça, ou a falta de justiça, à volta disso", dizia.

Uma posição que Neve Campbell mantém em janeiro de 2024.

"Temos que defender as mulheres nesta indústria e saber quanto valemos. Isso não mudou para mim. Portanto, se voltassem para mim, teria que ser com uma oferta respeitosa que achasse que estava de acordo com o que trago para esta franquia", defendeu.

E sobre um regresso para "Gritos 7", acrescentou: "Iria fazê-lo? Existem milhões de fãs desta franquia. Estes filmes significam muito para as pessoas. Significam muito para mim. Significam muito para [o criador e argumentista Kevin Williamson]. Significaram muito para o [falecido realizador Wes Craven]. Significam muito para todos os membros do elenco e todos nós adoraríamos ver essa franquia continuar. Detestaria vê-la destruída. Portanto, veremos".