A caminho dos
Óscares 2020
A curta-metragem de animação “Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias”, da realizadora portuguesa Regina Pessoa, está entre as 10 finalistas que vão concorrer à nomeação para os Óscares de Hollywood, anunciou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas esta segunda-feira (16).
É a segunda vez que a realizadora chega à "short-list": em 2006, "História Trágica com Final Feliz" acabou por não chegar às cinco curtas que foram nomeadas.
A realizadora partilhou a ligação ao comunicado da Academia nas redes pessoais, que têm sido invadidas por duas felicitações: a pré-nomeação chegou ainda no seu dia de aniversário (16).
Num comunicado que elenca os filmes finalistas de nove categorias, entre as quais Melhor Filme Internacional, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas refere que foram elegíveis 92 filmes na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação, sendo agora selecionados 10, dos quais sairão os cinco nomeados, a revelar no dia 13 de janeiro.
Regina Pessoa concorre com nove trabalhos internacionais como, por exemplo, “Hair Love”, de Matthew A. Cherry, ou uma curta-metragem de animação da Pixar intitulada “Kitbull”, de Rosana Sullivan.
Nomeada para os Annie, os "Óscares da animação", em novembro, “Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias”, com 13 minutos, tem vindo a arrecadar distinções a nível internacional, tendo sido duplamente premiada no Festival Internacional de Animação de Annecy, com o Prémio Especial do Júri e o Prémio para a Melhor Música Original, da autoria do compositor canadiano Normand Roger.
Já em julho tinha vencido o Grande Prémio do Festival Internacional de Animação do Brasil - Anima Mundi, o que o tornava elegível para concorrer aos Óscares.
Uma curta cheia de afetividade
Nascida em Coimbra, em 1969, Regina Pessoa começou a trabalhar como animadora nos filmes do cineasta português Abi Feijó e é uma das mais premiadas realizadoras de sempre do cinema de animação português: "História Trágica Com Final Feliz" e "Kali, o pequeno vampiro" somam mais de 80 distinções.
Com produção francesa, portuguesa e canadiana, a história de "Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias" remete para "as memórias afetivas e visuais" da infância da própria realizadora e pretende homenagear um tio, "um homem humilde e um pouco excêntrico que teve uma vida simples e anónima", lê-se na nota de intenções do filme.
"Este é o meu testemunho como a vida de uma pessoa não tem de ser extraordinária para se ser excecional na vida de alguém", referia Regina Pessoa no texto que apresentava o filme.
Em julho, a realizadora, quando do prémio no Anima Mundi, salientaria que o tio “foi uma inspiração artística e desempenhou um papel fundamental no seu desenvolvimento enquanto cineasta”.
"Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias", que aborda a idade adulta, sucede a três filmes com os quais a realizadora se debruçou sobre infância: "Noite" (1999), "História Trágica Com Final Feliz" (2005) e "Kali, O Pequeno Vampiro" (2012).
A narrativa apresenta um homem, numa rotina do dia-a-dia do trabalho, e uma menina a quem ensina a desenhar na parede junto à lareira, com um pedaço de madeira queimada. Num registo a preto e branco, em gravura animada, habitual no trabalho de Regina Pessoa, há apenas uma nota de cor, vermelha, a pontuar algumas cenas do filme.
“Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias” é distribuído e promovido pela Agência da Curta Metragem e coproduzido entre Portugal (Abi Feijó, Ciclope Filmes), França (Reginald de Guillebon, Les Armateurs) e Canadá (Julie Roy, ONF).
Regina Pessoa pertence, desde o ano passado, à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, por convite da organização.
Comentários