O realizador Frédéric Auburtin falou pela primeira vez desde que «Paixões Unidas», o filme em que propôs relatar os esforços dos presidentes da FIFA para tornarem o futebol num desporto amado e rentável em todo o mundo, fez
apenas 540 euros na estreia nas salas de cinema americanas.

Em
entrevista à revista The Hollywood Reporter, afirmou que tentou encontrar um balanço entre «um filme de propaganda da Disney e um de Costa-Gavras/Michael Moore» [conhecidos por fazerem incisivos e controversos trabalhos políticos] e avançou que os problemas começaram logo com a exigência da FIFA após aceitar o projeto em 2012 para que tudo estivesse pronto no verão de 2014, antes do Campeonato do Mundo no Brasil.

«Normalmente, precisamos de um ano para escrever o argumento. Tivemos quatro meses».

O realizador diz que trabalhou com Tim Roth, que interpreta Sepp Blatter, para «introduzir um subcontexto» sobre a corrupção na história maioritariamente pró-FIFA, mas quando faltou dinheiro e esta aumentou o financiamento de 13 para 26 milhões de dólares, a situação tornou-o mais vulnerável às alterações.

No fim, mesmo após ter entregue a sua montagem, a organização ainda fez mais algumas mudanças e quando «Paixões Unidas» estreou no Festival de Cannes em 2014, era «totalmente pró-FIFA», recordou Frédéric Auburtin.

Apenas alguns países acabaram por estrear o filme nas salas de cinema, como a Rússia e Portugal, com o realizador também a culpar a inexistência de uma campanha de marketing pelo fracasso comercial e muitos amargos de boca.

«Agora sou visto como sendo tão mau como o tipo que levou a sida para África ou o que causou a crise financeira. O meu nome está nisto tudo e pelos vistos sou um tipo de propaganda que faz filmes para pessoas corruptas».

«Sou uma vítima do jogo. É um desastre, mas essa não é a questão, aceitei o trabalho», reconhece. «[Mas] não fui pago para ser o Che Guevara do negócio do desporto. Por favor, não façam de mim o responsável pelo facto da FIFA estar podre.»

Entre os atores envolvidos, Gérard Depardieu continua a defender o projeto e Sam Neill não fez qualquer promoção. Já Tim Roth, numa entrevista ao jornal alemão Die Welt em maio, antes de rebentar o escândalo, pediu desculpa e deu uma versão diferente da agora apresentada por Auburtin.

«Sim, peço desculpa por não ter questionado o realizador, por não ter questionado o argumento. Este é um papel que vai fazer o meu pai dar voltas no túmulo.»

Reconhecendo que fez o filme pelo dinheiro, dizendo que o ajudou a sair de «um buraco financeiro», acrescentou: «Mas sabe que mais? O buraco que a FIFA cavou para si mesma é tão fundo que nunca vai conseguir sair de lá.»

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