O festival Porto/Post/Doc inicia hoje a sua 9.ª edição, que decorre até 26 de novembro, com mais de cem filmes, a maior parte documentários, entre competições e secções especiais, uma delas dedicada à neurodiversidade.

“O nosso grande desejo é voltar a pôr as pessoas a olharem para o grande ecrã, rodeadas de outras pessoas, na plateia das salas de cinema, porque é no cinema, com a discussão e conversas em torno do cinema, a descoberta de novas realidades, novos imaginários, de temas que são importantes discutir, aceitar a diferença, discutir a diferença, integrar, é o que nos interessa com o festival. Não é um desfile de nomes famosos, é trazer para o grande ecrã histórias únicas, que importa partilhar, descobrir, sentir”, disse, em entrevista à agência Lusa dias antes do arranque, o diretor do evento, Dario Oliveira.

Ao “ocupar oito lugares da cidade”, do Cinema Trindade e o Passos Manuel ao Maus Hábitos, o festival quer manter “o encontro direto, a informalidade”, entre público e criadores, além de especialistas e outros convidados para o Fórum do Real.

Na nona edição, são oito as longas-metragens na competição internacional, de Anane Baraka, com “Fragments from Heaven”, a Claudia Müller, com “Elfriede Jelinek – Language Unleashed”. O argentino Gastón Solnicki apresenta “A Little Love Package”, sobre o fim da permissão de fumar em espaços públicos em Viena, o suíço Antoine Cattin persegue os feriados em São Petersburgo (Rússia), em “Holidays”, e Jennifer Malmqvist olha para três irmãs em dois momentos distintos em “Daughters”.

A competição inclui também “The Curse”, filme de Maria Kaur Bedi e Satindar Singh Bedi, aqui apresentado em estreia mundial, e “A House Made of Splinters”, de Simon Lereng Wilmont, além de “The Natural History of Destruction”, de Sergei Loznitsa, estreado este ano em Cannes.

"Fragments from Heaven"

Na competição Cinema Falado, para filmes portugueses e países lusófonos, nota para, entre outros, “Mangrove School”, de Filipa César e Sónia Vaz Borges, “Nossa Senhora da Loja do Chinês”, de Ery Claver, “Solmatalua”, de Rodrigo Ribeiro-Andrade, e “Viagem ao Sol”, de Susana de Sousa Dias e Ansgar Schaefer, já premiado no IndieLisboa, no Archivio Aperto, em Itália, e no último fim de semana no festival de Sevilha.

A sessão de abertura cabe a Daniel Geller e Dayna Goldfine, com “Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song”, sobre a famosa canção imortalizada pelo músico e compositor canadiano, e a de encerramento a “All the Beauty and the Bloodshed”, realizado por Laura Poitras e sobre a artista e ativista Nan Goldin.

Entre os destaques desta edição está um programa temático dedicado à neurodiversidade, entre a exibição de filmes dedicados ao assunto e a realização de conversas, no âmbito do Fórum do Real.

“Vamos falar de saúde mental, com uma série de painéis de discussão envolvendo várias áreas de conhecimento, procurando chamar para a discussão a experiência da neurodiversidade, que é algo que não é novo, faz parte da nossa sociedade, e muitas vezes existe ainda um preconceito terrível, porque a saúde mental é escondida. A vontade expressa neste programa é chamar para a discussão estas questões que muitas vezes são mal vistas, e que são tão importantes”, lembra Dario Oliveira.

O diretor do festival nota como “está latente uma exclusão natural, por preconceito”, das pessoas ‘abrangidas’ neste conceito, além de “uma incompreensão muito grande”, e o propósito aqui é “aceitar, compreender, trabalhar com estas ideias”.

O programa de filmes também inclui “Jaime”, de António Reis, “Les enfants d'Isadora”, de Damien Manivel, “Pára-me de Repente o Pensamento”, de Jorge Pelicano, “Solo”, de Artemio Benki, e “Super Natural”, de Jorge Jácome.

Outro destaque centra-se nas obras de duas figuras cimeiras do cinema húngaro e europeu no século XX, Marta Mészáros e Miklós Jancsó, numa secção intitulada “Nós, a Revolução”, com seis filmes, produzidos entre 1966 e 1987.

O ciclo Transmission, dedicado ao cinema sobre música, inclui um documentário sobre o novo disco dos Clã, “Na Sombra”, e também obras sobre “Thriller”, de Michael Jackson, o universo ‘tecno’ na cidade norte-americana de Detroit e a história da DFA Records, além do universo criativo de Rui Reininho, este em “Viagem do Rei”.

Uma secção infantojuvenil, programação dedicada a profissionais portugueses e estrangeiros do setor, sessões imersivas no Planetário do Porto, um foco na cineasta Sierra Pettengill, de Nova Iorque, jovens realizadores suíços e o Cinefiesta, para um olhar sobre Espanha, fazem parte dos 10 dias de festival, bem como o programa Europa 61, que inclui doze filmes produzidos em solo europeu.

O festival Porto/Post/Doc decorrerá até 26 de novembro no Cinema Trindade, no Passos Manuel, no Coliseu do Porto, no Maus Hábitos, na Casa Comum da Universidade do Porto, no Planetário do Porto, no Auditório Ilídio Pinho, na Escola das Artes da Universidade Católica e no Café Ceuta.

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