"Três Cartazes à Beira da Estrada" está nomeado para sete Óscares e muitos analistas acreditam que se algo pode correr mal com a corrida de "A Forma da Água" ao prémio principal, está aqui a maior concorrência e não de "Dunkirk".

Só que as críticas à sua volta intensificaram-se, principalmente após as vitórias nos Globos de Ouro e nos Screen Actors Awards.

Visto em Portugal por mais de 74 mil espectadores desde a estreia a 11 de janeiro, o filme mostra uma mulher (Frances McDormand) que decide alugar três cartazes à entrada da cidade para confrontar as autoridades com o assassinato não resolvido da sua filha adolescente, o que a coloca em choque com William Willoughby (Woddy Harrelson), o respeitado xerife, e principalmente com o adjunto Dixon (Sam Rockwell), um "menino da mamã" imaturo e racista com uma inclinação para a violência.

O realizador Martin McDonagh tem noção que existe uma polémica e com a cerimónia dos Óscares a poucas semanas de distância, falou dela pela primeira vez numa entrevista exclusiva com a Entertainment Weekly.

ÓSCARES 2019

  • São oito os títulos na corrida a Melhor Filme: "Roma" e "A Favorita" (dez nomeações), "Assim Nasce Uma Estrela" e "Vice" (oito), "Black Panther" (sete), "BlacKKKlansman: O Infiltrado" (seis), "Bohemian Rhapsody" e "Green Book: Um Guia Para a Vida" (cinco)
  • A 91ª cerimónia realiza-se a 24 de fevereiro no Dolby Theatre de Los Angeles, às 17 horas locais (uma da manhã em Portugal)
  • Pela primeira vez desde 1989, não haverá anfitrião
  • Os Óscares honorários desta edição já foram entregues à atriz Cicely Tyson, aos produtores Kathleen Kennedy e Frank Marshall, ao compositor Lalo Schifrin e o relações públicas Marvin Levy

"Ela vem principalmente da ideia de que a personagem do Sam Rockwell, que é um cretino racista e preconceituoso, que esta personagem está aparentemente a ser redimida", explicou.

"Não acho que a sua personagem seja redimida de todo – ele começa como um parvalhão racista. Ele é basicamente o mesmo no fim, mas nessa altura ele percebeu que tem de mudar. Há espaço para isso e ele, até certo ponto, percebeu o erro do seu percurso, mas de modo algum é suposto ele tornar-se algum tipo de herói redimido da história.", acrescentou o britânico, também celebrado pelo seu trabalho como dramaturgo.

McDonagh admitiu que não é imune às críticas, apesar de escrever deliberadamente para provocar: "Mas não gosto de filmes que toda a gente adora. E não estamos a fazer filmes para miúdos de seis anos, não estamos a fazer 'Os Vingadores'. Estamos a tentar fazer algo que é um bocadinho mais difícil e complexo."

"É suposto ser deliberadamente um filme confuso e difícil. Porque é um mundo confuso e difícil. De certa forma temos de levantar um espelho para isso e dizer que não temos nenhum tipo de solução. Mas acho que há muita esperança e humanidade no filme e se olharmos para todas essas questões com isso no coração, podemos avançar para uma situação mais interessante", concluiu.