O fundador da exibidora Medeia Filmes marcou uma conferência de imprensa para quarta-feira, em Lisboa, para dar conta dessas «situações graves e dissimuladas do mercado cinematográfico nacional».
Em causa, segundo um comunicado do exibidor, está a «expansão fulgurante da [distribuidora] Big Picture, apoiada por financiamentos públicos, bem como a concentração de ‘majors’ no mesmo grupo com a saída da Columbia Tristar Warner do mercado».
A distribuidora Columbia Tristar Warner encerrou escritórios em Portugal no final de março, alegando quebras no mercado, com parte catálogo a ser assegurado, desde então, pela distribuidora Big Pictures 2 Films, fundada em 2011.
O mercado da distribuição cinematográfica em Portugal é dominado há vários anos pela Zon Lusomundo Audiovisuais e, desde o final dos anos de 1980, pela Lusomundo, que está na sua origem.
De acordo com dados do Instituto do Cinema e Audiovisual, em 2013 a Zon Lusomundo Audiovisuais teve 39,9 milhões de euros de receita bruta de bilheteira e 7,7 milhões de espetadores. A Zon Lusomundo também é líder no mercado da exibição.
A terceira maior distribuidora de cinema é a Big Pictures 2 Films, empresa à qual a Zon Audiovisuais SGPS está também associada, segundo o relatório de contas de 2012, detendo vinte por cento do capital social.
Paulo Branco acusa a Big Pictures 2 Filmes de proibir a exibição de filmes e lamenta a «enorme descrença no efeito das muitas queixas já apresentadas à Autoridade da Concorrência, assim como ao Instituto do Cinema e do Audiovisual e à Secretaria de Estado da Cultura».
Já em novembro passado, quando encerrou as salas do cinema King, Paulo Branco tinha criticado as condições com que os exibidores independentes trabalham em Portugal, perante «o grande domínio de uma aglomeração» em torno da Lusomundo.
Em 2008, um grupo de operadores de cinema liderado pela Medeia Filmes tinha apresentado uma queixa na Autoridade da Concorrência contra a Zon Lusomundo por causa da criação de um cartão – o myZoncard – que dava acesso gratuito aos cinemas Lusomundo.
Na altura, Paulo Branco culpou o ICA pelo cenário de concentração do mercado da exibição cinematográfica, que prejudicava tanto as exibidoras como as distribuidoras independentes.
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