Apesar de ter recebido algumas das piores críticas da sua carreira e até um Razzie de Pior Ator (o anti-Óscar) com o primeiro filme, Jamie Dornan está grato por ter sido Christian Grey na trilogia de filmes "As Cinquenta Sombras de Grey" (2015-2018).

"Vamos colocar a questão desta maneira: não fez mal à minha carreira fazer parte de uma saga cinematográfica que rendeu mais de mil milhões de dólares. Qualquer ator a trabalhar diria a mesma coisa. Contribuiu — muito. Não há vergonha em dizer que transformou a minha vida e a vida da minha família financeiramente. Estou muito, muito grato por isso e sempre estarei. E os fãs adoraram", explicou numa entrevista à revista GQ aquando da estreia de "Belfast", o seu mais recente filme, na corrida para sete Óscares e que lhe tem valido alguns dos maiores elogios profissionais.

De facto, Jamie Dornan só tem problemas com uma crítica negativa: "Discordo da coisa toda ser só uma espécie de piada. Todas as pessoas envolvidas trabalharam o mais que puderam nesses filmes, incluindo eu".

O ator acrescenta que tem de ser pragmático na sua profissão e aceitar que não tem controlo sobre todas as decisões que são tomadas num projeto, "mas sabemos no que nos estamos a meter e demorei imenso tempo a pensar se deveria aceitar o papel de '50 Sombras'. Às vezes, podemos ser agradavelmente surpreendidos; às vezes, podemos ficar amargamente desiludidos".

Também existe um reconhecimento implícito de que os filmes nunca poderiam ser bons por causa dos livros, apesar do impacto que tiveram em milhões de leitores.

"Aceita-se este projeto [e] sabemos que muitas pessoas vão odiá-lo — odiá-lo — ainda antes de vê-lo. Porquê? Porque, sabem que mais? A maioria das pessoas odiou os livros. E não estou a dizer que não percebo por que razão esses livros foram tão poderosos para milhões de pessoas, mas nunca vamos ter livros que foram arrasados transformados em filmes que vão ser aclamados. Estamos a lidar com o mesmo material. Era essa a matéria-prima que tínhamos", explicou.

Questionado pela GQ se estava arrependido de ter aceite o papel de Christian Grey após a desistência do ator Charlie Hunnam, a resposta foi clara: "Em última análise, não. Isto é, percebi o trabalho e as reações. Estive na corrida por ele durante muito tempo. Não foi uma decisão dividida que tomei por capricho".

"As Cinquenta Sombras de Grey" foram um ponto de viragem para um ator com algumas interpretações elogiadas (principalmente na série "The Fall"), mas pouco conhecido, que sempre soube que ia receber reações negativas e a escolha iria persegui-lo pelo resto da carreira.

"Seja 'Uma Guerra Pessoal', 'Operação Antropoide' ou 'Belfast', ou o que vier a seguir, a frase na comunicação social vai ser sempre 'É a melhor coisa que ele fez desde 'As 50 Sombras'. Como se ainda precisasse mostrar o meu valor; ainda estou a pagar o preço por essa escolha para me levar a onde estava antes. Eu percebo e, para ser honesto, isso estimula-me. Acende um fogo em mim. Se isso significa as pessoas dizerem 'Ele não é assim tão mau', assim seja", conclui.

"Belfast" está em exibição nos cinemas portugueses.

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