“Foi para lá de um sonho”: Omar Sy ainda saboreia ter filmado com John Woo uma nova versão da sua obra-prima "The Killer" ("O Assassino" em Portugal", de 1989), que chega aos cinemas do seu país esta quarta-feira e que o mestre dos filmes de ação de Hong Kong dirigiu em Paris.

“É extraordinário”, disse a estrela francesa de 46 anos em entrevista à France-Presse (AFP).

E acrescentou: “No set, estávamos a tentar agir como se fosse normal, serenos quando, na verdade, estávamos completamente excitados. Foi para lá de um sonho, algo em que nunca ousei pensar”.

Chow Yun-Fat em "The Killer" (1989)

Lançada em 1989, a primeira versão de "The Killer" revolucionou o cinema de ação e estabeleceu a assinatura artística de John Woo: heróis taciturnos, tiroteios coreografados como ballets, explosões de sangue filmadas em câmara lenta com voos de pombas.

Este cinema impulsionou John Woo para Hollywood, para filmes como "A Outra Face" e "Missão Impossível 2", e atingiu Omar Sy durante a sua juventude.

“Era adolescente, era a onda de testosterona e precisava destes filmes de ação”, recorda.

Fechar o círculo

A versão de 2024, lançada diretamente em streaming nos EUA, usa o mesmo enredo – a vingança de um assassino cujo último contrato corre mal – com duas grandes diferenças: o formidável assassino agora é uma mulher (a britânica Nathalie Emmanuel, vista em "Megalopolis", de Coppola, e na saga "Velocidade Furiosa") e a ação transferiu-se de Hong Kong para a capital francesa.

Ao set “pude trazer os amigos com quem vi 'The Killer' na época para lhes mostrar que estava realmente a fazer o filme”, brinca Omar Sy, que mora em Los Angeles há cerca de dez anos e que o cinema ou a série "Lupin" são regularmente recordados no seu país natal.

A escolha de filmar na França foi crucial para Woo, hoje com 78 anos, conta Omar Sy, que aqui interpreta um polícia com métodos expeditos.

“Ao conversar com o John percebi que a inspiração para 'The Killer', o original, foi 'Le Samouraï' ["O Ofício de Matar", de Jean-Pierre Melville, 1967], daí o desejo de que ele fechasse o círculo e fizesse esta versão em Paris.

Após as suas participações nas sagas "X-Men" e "Mundo Jurássico", Omar Sy volta a brilhar num filme de ação, mas tem o cuidado de não se deixar prender a um género.

O ator que ficou famoso graças a "Amigos Improváveis" ​​(2011) interpretou recentemente um contrabandista de migrantes em "The Strangers' Case" (inédito em Portugal), apresentado no Festival de Cinema Americano de Deauville, um homem em crise conjugal ("Dis-moi juste que tu m’aimes", nos cinema franceses em fevereiro de 2025) ou uma estrela em "French Lover", em breve na Netflix.

“É muito importante para mim a diversidade de papéis porque, enquanto negros, pessoas de cor, ficamos facilmente presos em categorias de papéis e o que gosto é da diversidade, de nunca ficar preso em algum lugar”, analisa o ator que se tornou conhecido como comediante do Canal+ nos anos 2000.

O desafio também é expandir a sua paleta de representação.

“Aprendo no set, portanto quanto mais as coisas forem diferentes, mais terei para aprender”, diz.

Ainda com Sam Worthington e Eric Cantona, entre outros, o filme falado em inglês e francês não tem estreia anunciada para os cinemas portugueses.