Steven Soderbergh pode estar a preparar uma "sequela filosófica" do seu filme "Contágio" (2011), que ganhou nova popularidade há um ano por causa das semelhanças com a pandemia mundial, mas não é isso que vai seduzir o público quando for superada a crise.

"As pessoas vão querer escapismo. Histórias que sejam mais edificantes e otimistas serão as beneficiadas. Existe stress mais do que suficiente no mundo, não acredito que as pessoas vão estar interessadas em ver alguma coisa que aumente ainda mais os seus níveis de stress", vaticinou Milan Popelka, diretor de operações da FilmNation e um dos profissionais de Hollywood ouvidos pela Variety.

Isto quer dizer que mais comédias, musicais e histórias "fell good" se vão juntar ao menu habitual de filmes de super-heróis, sequelas e animações.

"A última coisa que as pessoas vão querer ver é histórias de pessoas em confinamento ou a usar máscaras. As pessoas estão enjoadas da pandemia. Não acredito que vamos ver muitos filmes que são explícitos sobre COVID", antecipa Jason Blum, que está à frente da Blumhouse, a produtora especializada em filme de terror como "Foge", "A Purga" ou "Atividade Paranormal".

As mudanças estruturais na indústria do entretenimento por causa da pandemia também podem levar estúdios e produtores a apostar em filmes que antes seriam vistos como comercialmente arriscados.

Com a explosão da popularidade das plataformas de streaming por causa do confinamento das pessoas e a procura de conteúdo premium, antecipa-se que o negócio também beneficiará do aumento de compradores e competição por filmes.

A esse propósito, Jason Blum recordou o grande sucesso em streaming de "Missão Greyhound" com Tom Hanks ou "A Banca dos Beijos", que teriam mais dificuldade em conseguir atenção nos cinemas saturados pelos filmes de super-heróis.

"Há alguns anos, não conseguíamos que se fizessem comédias românticas. Agora voltaram em força", acrescentou.

Num modelo económico que não depende das receitas de bilheteira no primeiro fim de semana, o responsável da Blumhouse prevê um renascimento do formato dos filmes de duas horas semelhante ao que aconteceu na TV e mais dinheiro para fazer filmes porque as plataformas querem lançar pelo menos 100 por ano.

E em relação às salas de cinema? A aposta é na vontade forte das pessoas em sair de casa.

"Quando começarmos outra vez a socializar, acho que estamos todos à espera que se abram as comportas. Os jovens estão ansiosos por encontrar uma maneira de estarem juntos e socializar e partilhar experiências", prevê Gail Berman, produtor do "biopic" sobre Elvis Presley que está a ser feito pelo realizador Baz Luhrmann ("Moulin Rouge").

E é com isto que Hollywood está a contar para os cinemas recuperarem após a crise da pandemia.

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