O Netflix alterou a sua descrição do filme da Disney nos EUA após ser acusada de sexismo e reforçar os estereótipos.

Num fórum chamado  Native Appropriations, onde se discute as representações dos povos indígenas, a utilizadora Adrienne Keene contou como o serviço de streaming respondeu a uma série de tweets em que ela se queixava da descrição que o filme tinha no seu site.

"Uma mulher índia americana devia casar com o melhor guerreiro da aldeia, mas anseia por algo mais – e logo encontra o Capitão John Smith".

Keene defende que parecia a caracterização de "um filme pornográfico ou um mau romance", acrescentando: "O uso de "mulher" e "anseia" é tão... grosseiro. Arrepiante. O problema? Hiper sexualiza o filme e apenas posiciona Pocahontas em relação às suas opções românticas e não como um ser humano ativo."

"Também quero tornar explícita a supremacia colonial branca implícita nesta descrição", acrescentou.

"Claro que Pocahontas não se ia contentar com os seus costumes tradicionais atrasados e o seu índio... ela anseia por algo "mais". SPOILER: é um tipo branco."

Noutro depoimento, a utilizadora diz que não se trata de um protesto contra o filme, que pode "guardar para outra altura", mas um alerta "para a discussão da importância das palavras que usamos e as formas como estereótipos insidiosos e representações perniciosas se manifestam diariamente nas nossas vidas."

Uma semana mais tarde, Keene recebeu um email do Netflix  a dar-lhe razão por achar que a empresa podia fazer melhor e a informá-la que o sumário tinha sido atualizado para refletir melhor o papel ativo de Pocahontas e remover a sugestão de que o seu grande objetivo era conquistar John Smith.

A nova versão é esta: "Uma jovem índia americana tenta seguir o seu coração e proteger a sua tribo quando os colonos chegam e ameaçam a terra que ama."

Nos textos disponíveis em Portugal, Pocahontas surge como "uma linda princesa índia" na animação da Disney de 1995 e uma "bela e impetuosa nativa americana cuja relação com o Capitão John Smith desencadeia a batalha por uma nova Nação"  na versão da história realizada por Terrence Malick com o título "O Novo Mundo" em 2005.

Já numa coleção de animação infantil , trata-se de "uma jovem e adorada princesa índia, tão bela que não tem comparação"  que a certa altura decide enfrentar "a turbulência da civilização ocidental" para "procurar o seu querido Capitão John Smith".