É mais um negócio milionário e outra peça na intensa concorrência em streaming: a Amazon vai comprar o lendário estúdio de Hollywood Metro Goldwyn Mayer (MGM) por 8,45 mil milhões de dólares [6,91 mil milhões de euros].

Esta é a segunda maior aquisição da história da Amazon, após a compra da rede de supermercados americana Whole Foods, por 13,7 mil milhões de dólares [11,4 mil milhões de euros], em 2017.

Em mais outra mudança na propriedade da MGM, fundada em 1924 e um ícone da chamada Era de Ouro de Hollywood, o acordo anunciado esta quarta-feira faz com que a plataforma Prime Video da Amazon, com 175 milhões de assinantes em todo mundo, fique com acesso a um catálogo de 4 mil títulos, que inclui filmes vencedores de Óscares como "Rocky" e "O Silêncio dos Inocentes", fenómenos de bilheteira como "James Bond" (mas não da saga propriamente dita, que pertence à EON Prods), "A Pantera Cor-de-Rosa", "Legalmente Loira, "RoboCop"  e "Creed", além de uma variada gama de programas de televisão, como "A História de Uma Serva", "Fargo" e "Vikings".

De fora ficam filmes da MGM anteriores a 1986, que pertencem à WarnerMedia e alguns dos quais estão disponíveis na HBO Max (como os emblemáticos "E Tudo o Vento Levou", "O Feiticeiro de Oz" ou "Serenata à Chuva"), depois de terem sido inicialmente comprados por Ted Turner (o fundador da CNN) e se tornarem o pilar da programação do canal Turner Classic Movies.

Com a compra da MGM, a Amazon passará também a ser dona do canal de televisão por cabo Epix, propriedade dos estúdios de cinema e televisão.

O negócio foi fechado num momento em que a Amazon continua a crescer no comércio digital e na computação em nuvem e quer acelerar o ritmo no setor de entretenimento, em que os consumidores se estão a voltar implacavelmente para os media online.

O acordo impulsiona as ambições da Amazon de se fortalecer no mercado de streaming e concorrer com outras plataformas, como Netflix (208 milhões de subscritores) e Disney+ (mais de 100 milhões). A tendência de usar estas plataformas foi fortalecida nesta pandemia de COVID-19.

Isto num contexto em constante evolução: no início da semana passada, a gigante americana das telecomunicações AT&T anunciou a fusão da sua filial WarnerMedia com o grupo Discovery para criar uma nova empresa para competir que pode somar 9 milhões de assinantes e reunir uma das maiores bibliotecas de propriedade intelectual e uma série de marcas, que inclui HBO e Warner Bros.

"A MGM tem quase um século de história cinematográfica e complementa o trabalho da Amazon Studios, que se concentra principalmente na produção de programas para TV", destaca o comunicado da empresa.

"O verdadeiro valor financeiro por trás do negócio é o tesouro da propriedade intelectual do catálogo profundo que planeamos reimaginar e desenvolver junto com a talentosa equipe da MGM", afirmou Mike Hopkins, vice-presidente sénior da Prime Video e Amazon Studios.

A Amazon destaca que ajudará "a preservar a herança e o catálogo de filmes da MGM, e oferecerá aos seus clientes um acesso maior a suas obras existentes".

"Estamos muito entusiasmados com a MGM", disse o fundador da Amazon, Jeff Bezos, aos acionistas numa reunião anual em que anunciou que entregaria o cargo de diretor-executivo a 5 de julho para Andy Jassy e assumiria a posição de presidente-executivo.

"A MGM tem um catálogo vasto e profundo... Vai ser um trabalho muito divertido e as pessoas que amam histórias serão as grandes beneficiadas.", destacou.

O catálogo da MGM anterior a 1986 pertence ao canal Turner Classic Movies e muitos dos filmes que a MGM possui desde a sua aquisição do estúdio cinematográfico United Artists, em 1981, estão sob o controle do TCM até 2022 em virtude de um acordo entre as duas companhias.

A aquisição não vai afetar os lançamentos da MGM já agendados este ano para as salas de cinema que incluem filmes como "007: Sem Tempo Para Morrer" e "House of Gucci", de Ridey Scott com Lady Gaga e Adam Driver, o "biopic" sobre Aretha Franklin "Respect", a animação "A Família Addams 2" e a produção ainda sem título de Paul Thomas Anderson: segundo a imprensa especializada americana, esses acordos e orçamentos estão fechados.

Este novo acordo ainda está sujeito à aprovação das autoridades reguladoras, como aconteceu nos últimos anos com as grandes empresas do setor de tecnologia.

Na segunda-feira, a Amazon foi processada em Washington D.C. por alegado abuso de poder dominante no comércio online.

A Amazon, fundada em 1995 como uma livraria online, tornou-se num "gigante" avaliado em 1,6 biliões de dólares [1,3 mil biliões de euros] que está presente em várias áreas de negócio.

(*) Notícia atualizada com declarações de Jeff Bezos e detalhes de catálogo anterior a 1986.