Woody Allen acha que os atores que se demarcaram e manifestaram arrependimento por terem trabalhado nos seus filmes são oportunistas.

Desde 1992 que a reputação do lendário realizador é acompanhada pelas acusações de alegadamente ter abusado sexualmente da filha adotiva Dylan Farrow.

Apesar dos processos terem sido arquivados depois de duas investigações em separado e de o realizador continuar a negar categoricamente a acusação, a sua imagem deteriorou-se, principalmente nos EUA, quando Dylan renovou as acusações no início de 2018, após o movimento #MeToo.

Atores como Mira Sorvino, Rebecca Hall, Greta Gerwig, Kate Winslet e Colin Firth distanciaram-se publicamente de Woody Allen após terem trabalhado com ele. Michael Caine também fez o mesmo, mas recuou e disse que era preciso respeitar as decisões judiciais.

Outros que saíram em defesa do realizador, como Scarlett Johansson, Diane Keaton, Alec Baldwin, Alan Alda, Javier Bardem ou Larry David, foram criticados.

Questionado pelo jornal britânico The Guardian sobre o que pensava sobre os atores que se distanciaram, o realizador não usou subterfúgios.

"É tonto. Os atores não fazem ideia dos factos e agarram-se a uma posição pública segura que serve os seus interesses. Quem é que no mundo não é contra o abuso de crianças? É assim que são os atores e as atrizes e [repudiarem-me] tornou-se a tendência da moda, como de repente toda a gente comer couves", garantiu na entrevista divulgada esta sexta-feira (29).

O tema acabou por dominar a entrevista ao jornal britânico, que era sobre o seu último filme, "Um Dia de Chuva em Nova Iorque", protagonizado por Timothée Chalamet, que doou o ‘cachet’ ao movimento Time's Up, de defesa a vítimas de abuso.

Na sua autobiografia, "A propósito de nada”, Allen recorda que o ator jurou à sua irmã que precisou de se afastar publicamente porque estava nomeado para os Óscares por "Chama-me Pelo Teu Nome". O livro vai ser publicada em Portugal pelas Edições 70 e chega às livrarias em julho.

Ainda ao The Guardian, o realizador mostra-se conformado com o escândalo que ofusca a carreira há mais de 25 anos: "Parto do princípio que para o resto da minha vida um grande número de pessoas vai pensar que fui um predador."

Aos 84 anos, reconhece ainda que não há nada que possa fazer sobre isso: "Tudo o que digo soa egoísta e defensivo, por isso o melhor é continuar o meu caminho e trabalhar".

Após "Um Dia de Chuva em Nova Iorque", o seu 48º filme, Woody Allen já terminou "Rifkin's Festival" e estaria a fazer o 50º este verão se não fosse a COVID-19.

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