A popularidade de Alan Delon caiu nos últimos anos, por causa das suas posições a favor do partido da extrema direita francesa Frente Nacional, da pena de morte e contra a homossexualidade, que considerou "contra as leis naturais", e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, bem como a confissão numa entrevista de ter batido em mulheres.

Após estas declarações, o prémio de carreira que lhe vai ser atribuído pelo Festival de Cannes foi criticado por associações de defesa dos direitos das mulheres, como a "Women and Hollywood".

No entanto, a homenagem da organização não está em causa.

"Não vamos dar o Nobel da Paz a Alain Delon. Vamos dar uma Palma de Ouro pela sua carreira enquanto ator", afirmou o diretor-geral Thierry Fremaux numa conferência de imprensa esta segunda-feira, véspera do início do festival, que decorre até 25 de maio.

"Vamos prestar homenagem às suas conquistas na indústria cinematográfica, que nada têm a ver com as suas opiniões políticas ou a sua amizade com [o político de extrema-direita] Jean-Marie Le Pen. Delon é livre de ter as suas opiniões, mesmo que eu não concorde com elas", acrescentou.

Com 83 anos, Alain Delon anunciou a reforma em 2017, após mais de 80 filmes. Entre eles está "O Leopardo", de Luchino Visconti, vencedor da Palma de Ouro em 1963, que, juntamente com "Rocco e seus irmãos" e "O Samurai", marcaram gerações de cinéfilos.

O Leopardo

Em defesa do ator, Fremaux recordou que trabalhou num filme de Joseph Losey, conhecido simpatizante comunista.

"Hoje em dia é difícil entregar prémios, homenagear alguém, porque aparece logo a polícia política", salientou, antes de concluir com "Alain Delon não é perfeito. Eu não sou perfeito."